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José Manuel Costa

José Manuel Costa

Ninguém ficou indiferente ao debate Lomborg/Filipe Duarte Santos

24.09.09, José Manuel Costa

Bjorn Lomborg e Filipe Duarte Santos podem divergir em muitas das ideias que têm nas áreas das alterações climáticas e do desenvolvimento sustentável, mas numa coisa são iguais: no interesse que conseguem incutir às suas apresentações e conferências e na forma como não deixam ninguém indiferente ao que dizem.

 

O que se viu ontem no auditório do Centro de Congressos do Estoril foi um debate que, ainda que tenha sido esgrimido, argumento a argumento, entre dois dos maiores especialistas mundiais em alterações climáticas – e um deles, por sinal, é português –, conseguiu ser suficientemente leal e interessante para… continuar depois de terminado.

 

Com o público a descer da plateia para falar directamente com Lomborg e Filipe Duarte Santos terminaram duas horas de pura estratégica climatérica. Lomborg apresenta-se com argumentos inovadores na questão das alterações climatéricas e, não sendo contra a redução das emissões de carbono, diz que não é assim que se lá vai.

 

O dinamarquês disse que era a favor de uma taxa de carbono (que, por exemplo, o governo francês vai começar a cobrar), mas referiu também não acreditar que os Governos utilizem bem esse dinheiro.

 

“Hoje, a solução para tratar do problema do aquecimento global passa por cortar nas emissões de carbono. Mas isso não resulta, já vimos”, explicou.

 

O dinamarquês deu vários exemplos de ideias mais simples, baratas e eficientes que esta. Uma dela passa por baixar o preço dos painéis solares, para que estes possam ser acessíveis para os chineses ou indianos, que têm as populações globais mais significativas e são os dois países que mais contribuirão para as alterações climáticas a curto e médio prazo.

 

Sempre utilizando Al Gore como exemplo das “verdades convenientes” (e admitindo que não é contra Gore, mas tem soluções diferentes), Lomborg falou também da importância da luta contra a pobreza e subdesenvolvimento de alguns países, sobretudo asiáticos e africanos, como chave para a resolução do problema.

 

Filipe Duarte Santos fez uma apresentação mais “sóbria” e estruturada, partindo do que já sabemos sobre as alterações climáticas - e do que é imprevisível sobre este tema - para chegar à solução final.

 

E, para o professor da Universidade de Lisboa, a solução é alcançar um novo paradigma de desenvolvimento que não passe pelo crescimento. “Tenho consciência que esta solução não é do agrado das empresas e dos economistas, mas temos que admitir que estamos num mundo desigual”, revelou, enquanto atirava algumas “flechas” amigáveis a Lomborg.

 

Se não conseguiu assistir à conferência nem teve a possibilidade de a acompanhar no twitter pode fazer o download dela aqui ou re-segui-la no twitter aqui.