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José Manuel Costa

José Manuel Costa

Soweto, Joanesburgo, África do Sul

11.06.10, José Manuel Costa

Começou há minutos, no Soccer City, Soweto, Joanesburgo, um dos principais momentos do século XXI, que inspirará todo um século que ainda temos pela frente.

Não estou a falar de futebol. Estou a falar do futuro, de cultura, de entusiasmo, de mudança de mentalidades, de História.

Hoje, todos os olhos do mundo estarão, pela primeira vez, sincronizados no continente Africano – segundo a Initiative, este mundial terá uma audiência global 5% superior ao da Alemanha, e uma média de 125 milhões de espectadores, em directo, por jogo.

 

Há tanto para escrever sobre este momento que, provavelmente, me perderei em minúcias. Mas então vamos a elas: o que significa, para a África, este Mundial?

Em primeiro lugar, significa um atestado de competência para aquele enorme continente. A África do Sul conseguiu pôr de pé, em plena crise económica e financeira, aquele que é um dos quatro ou cinco mais complicados e difíceis eventos do mundo. Até ver, prova superada.

Em segundo lugar, o mundial sul-africano vai ajudar a mudar um País que enfrenta, nos próximos anos, vários desafios.

 

A emergência de políticas adequadas de mobilidade e construção sustentável será indispensável para que a África do Sul – juntamente com um pequeno leque de outras potências africanas, entre os quais Angola, a Nigéria, Tunísia, Marrocos, Argélia ou Egipto – lidere o continente para o next level de crescimento económico. E social.

Leio no Menos Um Carro que a África do Sul está a utilizar o Mundial 2010 para reorganizar o planeamento urbano e realocar investimentos para áreas como a mobilidade sustentável.

É sabido que a África do Sul, como a grande parte dos países daquele continente, nunca teve um bom sistema de transportes públicos. Mas é aí que está o futuro. Cidades com cinco, dez, quinze ou vinte milhões de habitantes, cidades pujantes e desenvolvidas têm que ser bem servidas de transportes públicos: BRT, Metro, comboio ou outros. Este não é um tema de menor importância.

Sabe-se já que também o Brasil vai preparando o Mundial 2014 com base numa mobilidade mais sustentável – e que tanto Pequim, para os Jogos Olímpicos de 2008, e Xangai, para a Expo 2010, canalizaram grande parte das verbas investidas na construção de uma gigante rede de metro - ou outros meios de transporte - e no desenvolvimento e planeamento urbano.

 

Outro assunto: entre os mundiais de futebol, Expos e Jogos Olímpicos, estamos assim divididos nos últimos anos: Mundial (África do Sul 2010, Brasil 2014, e a Rússia e Qatar terão candidaturas para 2018 ou 2022); Jogos Olímpicos (Pequim 2008, Rio de Janeiro 2016 e, para 2020, espera-se que Marrocos, África do Sul, Qatar, Dubai ou Turquia apresentem propostas).

Em relação às Expos, depois de Xangai 2010 e Yeosun (Coreia do Sul) 2012, estão na calha para 2020 o Brasil (Rio de Janeiro ou São Paulo), as Filipinas, a Tailândia, os Emirados Árabes Unidos ou a Turquia. O que nos dizem estes dados sobre a mudança do poder mundial? Sim, é bom que comecemos a olhar para o que eles nos dizem.

Um desejo para o próximo mês: que o Mundial seja um sucesso e que o Mundo mude um pouco a forma como olha para as South West Townships (Soweto), como a Veja muito bem escreveu ontem, para aquele país magnífico e, sobretudo, para toda a África.