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José Manuel Costa

José Manuel Costa

Sustentabilidade: pelo negócio e inovação

26.02.10, José Manuel Costa

Em Setembro, o Meios & Publicidade perguntou-me porque razão deveria a sustentabilidade estar na agenda das empresas. Disse-lhes (e depois escrevi um texto neste blog) que havia três razões principais: pelo ambiente, pelos consumidores e pelo negócio e inovação.

 

Hoje vou pegar na terceira razão que então enumerei – negócio e inovação – porque ontem ficámos a saber que as camisolas que farão parte do equipamento oficial de Portugal - e do Brasil, Holanda, Estados Unidos, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Sérvia e Eslovénia - , no Mundial 2010, vão ser feitas a partir de garrafas de plástico recicladas.

 

Curiosamente, os equipamentos destas selecções são desenvolvidos pela Nike, precisamente uma das empresas que então referi estar a apostar na sustentabilidade para desenvolver a sua vertente de negócio e inovação.

 

Não sei se estas camisolas foram feitas a partir do projecto de design sustentável GreenXchange, mas sei que a Nike conseguiu a tripla (que, como se sabe, dá vitória certa): sustentável pelo ambiente, pelos consumidores e pelo negócio e inovação.

 

Duas outras pequenas notas. A primeira tem a ver com as camisolas. Segundo o The Guardian, as camisolas que serão postas à venda para os adeptos também serão feitas a partir de garrafas recicladas – e custando o mesmo que as “normais”, ou seja, cerca de 55 euros. Cada camisola é feita a partir de oito garrafas de plástico.

 

Ah, e ainda segundo a Nike, o próprio processo de fabrico das camisolas poupa cerca de 30% de energia em relação às ditas “normais”. Para além disso, os equipamentos terão ainda a capacidade de manter os jogadores “frescos” – se é que isso será possível - no decorrer do jogo.

 

A segunda está relacionada com o Mundial de 2010, que se vai realizar na África do Sul. É, tão somente, um dos mais mediáticos – senão o mais mediático – evento deste ano. E a sustentabilidade, como se está a ver, estará muito bem representada lá. Irá equipar nove selecções com um enorme potencial – e com milhões e milhões de consumidores.
 

Eu sou melhor que tu? O empreendedor do ano!

25.02.10, José Manuel Costa

Não é fácil ser empreendedor. É preciso fazer um grande investimento pessoal e acreditar, vezes sem conta, no nosso próprio potencial.

 

Mais difícil ainda é ser um empreendedor de sucesso. Para isso é preciso ter criatividade, visão, o mesmo investimento pessoal – e a coragem de continuar a acreditar no projecto nas alturas mais negativas – que certamente virão.

 

Mas empreendedorismo é um conceito mais lato. E mais complexo. É importante conseguir ir buscar todo o capital de conhecimento e experiência necessária para que os projectos funcionem. Nem que para isso tenhamos de ir lá fora – Estados Unidos, Brasil, Índia, Europa de Leste ou Inglaterra… - para descobrir os melhores profissionais – as pessoas certas –  para que possamos desenvolver projectos conjuntos em Portugal. É isso que, no Grupo GCI, temos tentado fazer. Felizmente com mais sucessos que insucessos.
 

É neste complexo e interessante contexto global que se faz o dia-a-dia das empresas de sucesso. E dos empreendedores de sucesso.

 

Escrevo sobre empreendedorismo – e a sua importância numa economia que se quer cada vez mais forte – por causa do Entrepreneur of The Year, histórica iniciativa da Ernst & Young (um cliente do Grupo GCI, importa referir) que chegou há três anos a Portugal. Muito desta segunda parte do meu conceito de empreendedorismo pode ser encaixado nesta iniciativa.

 

E se o empreendedorismo já é, por si só, um valor indispensável para o desenvolvimento da economia, esta relevância e importância duplica neste actual contexto económico.

 

O dia-a-dia empresarial tem-se feito muito do “eu sou melhor que tu”, ou por outras palavras, “a minha empresa é melhor que a tua”. E os blogs e, posteriormente, os social media, apenas vieram acelerar este tu-cá-tu-lá empresarial.

 

O Entrepreneur of the Year responde a tudo isto! Os candidatos deverão ser proprietários da empresa - com uma participação de pelo menos 10% do capital social. A empresa deverá estar estabelecida em Portugal há pelo menos três anos e apresentar um volume de negócios superior a cinco milhões de euros. Ah, e ter capital maioritariamente português, tal como os centros de decisão (por isso existem várias “versões” desta iniciativa).

 

Belmiro de Azevedo e os irmãos Carlos e Jorge Martins foram alguns foram os premiados das duas anteriores edições. O vencedor desta edição, como nas anteriores, vai representar Portugal no Prémio Ernst & Young World Entrepreneur of the Year, em Monte-Carlo, Mónaco. Vai por isso partilhar experiências, conhecer outros casos de sucesso, novas formas de pensar e executar.

 

Querem-se (mais) projectos destes. São sempre bem-vindos.
 

Michelle Obama e o assalto à América XXL*

24.02.10, José Manuel Costa

Acabar com a obesidade nos Estados Unidos é o grande desafio para 2010 da Primeira Dama norte-americana, Michelle Obama. É uma árdua mas importantíssima tarefa. Atrevo-me a dizer que esta missão está ao nível, em termos de dificuldade, da do próprio Barack Obama. Será?

 

Esta “guerra” à obesidade infantil levou ao lançamento de uma campanha – “Let’s Move” – cujo objectivo, segundo a senhora Obama, é “eliminar numa geração o problema de obesidade infantil”. “Não temos tempo a perder”, disse ao USA Today.

 

A Primeira-Dama norte-americana lançou o debate afirmando que a obesidade é não só uma das principais ameaças à saúde, mas também à economia. Isto anda tudo ligado, como diria Sérgio Godinho.

 

“Uma criança em cada três tem peso a mais ou é obesa. Gastamos 150 mil milhões de dólares por ano para tratar doenças ligadas à obesidade, portanto sabemos que é  um problema com implicações importantes”, continuou Obama à ABC.

 

Este valor – 110 mil milhões de euros – é impressionante. Mas as estatísticas norte-americanas, certamente sem paralelo a nível mundial, também o são: 32% das crianças e adolescentes têm peso a mais, e quase 20% das crianças dos 6 aos 11 anos e 18% dos jovens entre os 12 e os 19 anos são – mesmo – obesos.

 

Segundo Michelle Obama, o plano norte-americano para combater a obesidade passa por sensibilizar para este tema – e comprometer – as próprias cidades, escolas, super e hipermercados, pediatras, ONG, canais de televisão, sites infantis ou mesmo clubes desportivos.

 

As escolas públicas vão receber 18,5 milhões de euros para renovar as cozinhas e substituir fritadeiras por outros equipamentos – que não cozinhem apenas fritos. E também o departamento de Agricultura já anunciou que vai encorajar - leia-se, financiar - as escolas a criarem hortas comunitárias e escolares.

 

O nosso mundo tem coincidências destas: 2010 será também o ano inaugural do Nutrition Awards, como já referi aqui.

 

Com os Nutrition Awards, prémios que co-organizamos com a Associação Portuguesa dos Nutricionistas (APN), queremos sensibilizar, prevenir e ajudar a resolver problemas relacionados com a nutrição e que atingem já grande parte dos portugueses.

 

Contamos com o apoio, por exemplo, do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação. Porque sabemos – como também o sabe Michelle Obama – que estes problemas têm que ser atacados logo no princípio.

 

Sáude Pública, Nutrição Clínica, Qualidade e Segurança Alimentar são alguns dos temas que propomos discutir com o lançamento dos Nutrition Awards. Porque também em Portugal os (vários) problemas relacionados com a alimentação e nutrição não passam despercebidos. Podem saber mais sobre esta iniciativa no próprio site do Nutrition Awards, no Twitter, Flickr ou no Facebook.


* O título foi “roubado” ao Le Journal Du Dimanche
 

Green Project Awards contra a pobreza

22.02.10, José Manuel Costa

Foi curta – mas proveitosa – a  sessão pública de apresentação dos Green Project Awards. Perante um auditório improvisado – e cheio – no Museu da Electricidade, em Lisboa, Sérgio Figueiredo, administrador-delegado da Fundação EDP, Fernando Nobre, presidente da AMI, Susana Fonseca, presidente da Quercus, António Gonçalves Henriques, director-geral da Agência Portuguesa do Ambiente e eu próprio demos o pontapé de saída para a terceira edição do GPA.

 

Como foi revelado no Museu da Electricidade – e no twitter do GPA, em www.twitter.com/gpa_portugal - a edição deste ano tem uma grande novidade.

 

Assim, e aproveitando o Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social, o GPA 2010 terá uma incidência especial nesta vertente. Como disse o António Gonçalves Henriques hoje de manhã, os projectos de responsabilidade ambiental e a luta contra a exclusão social estão muito ligados e raramente podem ser separados.

 

Foi o relatório Brundtland quem primeiro alertou para esta relação entre a sustentabilidade e a exclusão social. Conciliar o desenvolvimento económico com a preservação ambiental e o fim da pobreza do mundo é, aliás, um dos conceitos base do desenvolvimento sustentável.

Assim, e sendo 2010 o Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social – e, paralelamente, o Ano Internacional da Biodiversidade – não podíamos deixar de integrar estes temas dentro do GPA.

 

“Acredito que o ambiente chegará, rapidamente, ao primeiro plano de importância da sociedade” – explicou na sessão Fernando Nobre. “O GPA está a contribuir não só para a melhoria de vida mas também para incentivar a criatividade da sociedade civil. Os projectos de responsabilidade ambiental podem contribuir para a luta contra a exclusão social”, continuou.

 

É aqui que surge outra das novidades do GPA 2010. O pilar social do projecto foi reforçado com o apoio do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, que se junta aos ministérios do Ambiente, das Finanças e da Economia – entre outras entidades – no apoio ao GPA.

 

Susana Fonseca realçou o GPA como um forma importante de (continuar) a sensibilizar a sociedade civil, as empresas e as instituições. A presidente da Quercus foi, de resto, bastante directa hoje de manhã. “A sustentabilidade continua a ser um conceito falado mas não praticado”, explicou.

 

Como anfitrião da cerimónia, o administrador-delegado da Fundação EDP, Sérgio Figueiredo, foi o mais demorado nas palavras. Começou por dizer que o Museu da Electricidade é, ele próprio, um exemplo de sustentabilidade – que mistura cultura, ambiente e energia.

 

Mais tarde revelou que muitas vezes, em nome do desenvolvimento, faziam-se “coisas horríveis”. Por isso, as pessoas querem, hoje, saber o que se passa, exigem informação.

 

“A sustentabilidade é o caminho para oferecermos à próxima geração um mundo melhor do que o que recebemos” – continuou – “E o GPA reúne todas estas características e é por isso um projecto de futuro e de sucesso”. Como um dos organizadores do GPA, agradeço desde já a amabilidade do Sérgio Figueiredo.

 

O GPA 2010 distinguirá os melhores projectos das categorias de Produtos ou Serviços, Investigação & Desenvolvimento e Campanha de Comunicação.

 

A presidência do júri continuará a ser exercida por António Gonçalves Henriques, e terá representantes da Quercus, BCSD Portugal, LNEG, Adene, IHRU, Universidade Técnica de Lisboa, Universidade Católica ou MIT Portugal, entre outros.

 

Por fim, basta-me revelar que as candidaturas para o GPA abrem a 1 de Março e decorrem até 31 de Maio. O Grupo GCI, a Quercus e a APA continuam a organizar os prémios. Boa sorte a todos e, lá mais para o final do ano, certamente nos encontraremos uma vez mais.

Madeira e as alterações climáticas

22.02.10, José Manuel Costa

Hoje de manhã, durante a apresentação da terceira edição dos Green Project Awards, o director-geral da Agência Portuguesa do Ambiente, António Gonçalves Henriques, dizia que o que aconteceu este fim-de-semana na Madeira “leva-nos a pensar o que é isto da sustentabilidade”.

 

Não poderia concordar mais com o professor Gonçalves Henriques. Num fim-de-semana marcado pelo mau tempo, a questão das alterações climáticas – e das suas consequências para a sustentabilidade ambiental da nossa sociedade – voltou imediatamente aos temas de conversa.

 

Ontem, o primeiro-ministro de Cabo Verde, enquanto manifestava a solidariedade pelo que se passou na Ilha da Madeira - solidariedade que também aproveito para manifestar - referiu também estar “preocupado” com os possíveis impactos das alterações climáticas na plataforma atlântica.

 

E é para ficar preocupado. O clima está a mudar a olhos vistos – ano após ano assistimos a condições climatéricas extremas em todo mundo.

 

Recordo que, há apenas dois meses, perto de duas centenas de países se reuniram em Copenhaga para definir limites e plataformas de actuação para este assunto. A cimeira foi rotulada de um “fracasso” por grande parte dos analistas e especialistas em alterações climáticas.

 

Estamos no limite. É a altura para mudarmos a nossa mentalidade em relação às acções relacionadas com o ambiente e sustentabilidade. Caso contrário, cenas como as que se passaram no sábado na Madeira e domingo em alguns pontos de Portugal Continental passarão a ser a regra – e não a excepção.
 

O regresso dos Green Project Awards

17.02.10, José Manuel Costa

Na próxima segunda-feira, 22 de Fevereiro, vamos (APA, Quercus e Grupo GCI) apresentar publicamente, no Museu da Electricidade, em Lisboa, a terceira edição dos Green Project Awards.

 

Desde já posso avançar uma novidade: este ano, e para além do apoio dos ministérios do Ambiente, da Economia e das Finanças, juntámos o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social.

 

E por isso, também estará presente nesta sessão pública, entre outros, o secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional, Valter Lemos.

 

Sabendo que 2010 é o Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social e, paralelamente, o Ano Internacional da Biodiversidade, daremos nesta edição um especial ênfase a estes assuntos. Com o actual conjuntura sócio-económica, achamos que é imperativo falar destes projectos, mas só poderemos revelar mais detalhes na segunda-feira.

 

A sessão pública de apresentação/encontro/debate vai começar às 10h de dia 22 de Fevereiro e contará como convidado especial o Professor Doutor Fernando Nobre, presidente da AMI. Considerem-se desde já convidados para a cerimónia.

 

O GPA 2010 continuará a ser organizado pela Agência Portuguesa do Ambiente, pela Quercus e pelo Grupo GCI. Pelo sucesso das anteriores edições, considero a terceira edição do Green Project Awards um dos grandes projectos do Grupo GCI em 2010.

 

Mais tarde voltarei aqui ao Green Project Awards, objectivos e próximos passos. Até lá.

Edelman contrata o Lionel Messi dos conteúdos

17.02.10, José Manuel Costa

Há um mês escrevi aqui que bastava fazer uma pesquisa no PR Week ou Brand Republic para perceber que a procura de profissionais com diferentes competências – do planeamento ao digital, passando pela área da sustentabilidade, saúde ou pelos conteúdos – é uma das permanentes estratégias da Edelman.

 

Na segunda-feira de Carnaval, a estratégia da nossa afiliada internacional voltou a imperar, com a contratação Richard Sambrook para Global Vice Chairman e Chief Content Officer da Edelman – com assento no Global Executive Commitee, presidido por Richard Edelman.

Sambrook foi imediatamente rotulado por David Brain como “o Lionel Messi dos conteúdos” – e, para ser sincero, o seu currículo demonstra o porquê.

 

“É muito entusiasmante. Conheço o Richard há cinco anos e não consigo pensar em ninguém melhor para este trabalho”, disse Brain no blog Sixty Second View.

 

Esta contratação vem na sequência de outras – nas áreas de sustentabilidade ou digital – realizadas pela Edelman nos últimos meses. Uma estratégia, de resto, que o próprio Grupo GCI tem desenvolvido nos últimos três anos.

 

Como diz David Brain no seu blog, Sambrook será o primeiro Chief Content Officer da Edelman e ajudará os nossos clientes a produzir conteúdos escritos, vídeo e áudio e a contar a sua própria história de uma forma directa e que diga algo aos consumidores.

 

E quem melhor para o fazer do que Sambrook, que conta com um passado de dez anos como Director of Global News da BBC, onde pertencia ao management board?

 

Dizia David Brain, quando esteve no Verão passado em Lisboa para comemorar os 15 anos do Grupo GCI, que todas as empresas teriam de ser empresas de media e tinham de saber contar a sua história de uma forma relevante e "engaging" para os seus vários públicos.

 

Nessa altura, recordo-me, o Grupo GCI estava a lançar duas novas áreas – Engagement Contents e Inovação e Turismo. O objectivo era – e é – esse mesmo, construir e criar histórias para os nossos clientes. Porque, como diz Brain ou Richard Edelman, todas as empresas serão, cada vez mais, elas próprias produtoras de conteúdos.
 
A partir de Maio vamos passar a trabalhar também com Richard Sambrook. Certamente que aprenderemos bastante com ele e com a sua experiência de jornalismo e de social media, e, sobretudo. de entender o consumidor, o leitor e o espectador, as suas necessidades e interesses.
 

Uma questão de confiança - Texto para o Imagens de Marca

15.02.10, José Manuel Costa

Em Dezembro, e para comemorar os 20 anos da certificação em Portugal, a APCER convidou José Gil para falar sobre a confiança. O tema prometia e, durante 25 minutos, o filósofo português não deixou ninguém indiferente com o seu discurso inteligente e, sobretudo, coerente. José Gil falou de confiança, da falta dela (e do típico “queixume” português) e do que é preciso para chegar até ela.

 

Explicou José Gil que a “confiança não se cria por decreto” mas “poderá abrir e expandir o laço social, pois ela própria constitui uma força poderosa: contamina, cria empatias, vence e inveja, acorda nos outros a confiança que lhes falta”.

 

Cito o discurso de José Gil porque, há duas semanas, a Edelman apresentou a décima edição do Trust Barometer – o estudo anual sobre a confiança nas empresas, instituições e Governos.

 

O Trust, como lhe chamamos, tem-se tornado no grande barómetro mundial sobre a confiança, sobretudo depois da crise económica de 2007/2008 e consequente quebra dos índices… de confiança.

 

Tudo isto, uma vez mais, para dizer que as agências de PR (Public Relations) têm um papel importantíssimo no devolver da confiança. Somos nós que temos que estabelecer, para os nossos clientes, estratégias de liderança, convicção e consciência social.

 

A confiança pressupõe responsabilidade social mútua, que é essencial para o futuro da comunicação e do próprio negócio da empresa em questão. Os últimos dados do Good Purpose – outro estudo global da Edelman – revelam que dois terços dos consumidores estão dispostos a mudar os hábitos de consumo se isso tornar o mundo um melhor lugar.

 

Ainda segundo o Good Purpose, 55% dos consumidores espera que as marcas patrocinem boas causas e 59% diz que não basta às empresas simplesmente gastar dinheiro – elas têm que integrar boas causas no dia-a-dia do seu negócio.

 

E é aqui que está um dos grandes desafios das agências de PR: liderar através de acções que envolvam os vários stakeholders das empresas, através de conceitos inovadores de responsabilidade social ou ambiental. Consumidores, organizações, comunidades e governos. Com todos eles os nossos clientes precisam de se relacionar e comunicar – e sentir em todos eles uma confiança “confortável”.

 

Como diz José Gil, “a confiança abre o campo do futuro, abre espontaneamente o caminho para a expressão das nossas  forças criativas, para o risco saudável da inovação”.

 

PS: Sinal dos tempos: pela primeira vez em 23 anos, a Pepsi tomou o seu lugar no intervalo televisivo do Super Bowl e, anunciou mesmo, vai investir 15 milhões de euros no digital – a maior parte deles no Facebook. É preciso muita confiança para dar este passo – e a Pepsi mostrou que as grandes marcas não precisam de ter medo dos consumidores. O mundo mudou há muito, pena é que algumas empresas não o queiram ver.
 

* Texto publicado para a secção "Opiniões que marcam", do Imagens de Marca. Pode também aceder ao texto aqui.

Ainda o triângulo Angola/Brasil/Portugal

10.02.10, José Manuel Costa

Esta semana temos o prazer de acolher a Edilaine e Michele, duas profissionais da Edelman Brasil que terão a oportunidade de perceber a dinâmica dos projectos que o Grupo GCI trabalha na área da sustentabilidade e responsabilidade social e ambiental – e tirar dúvidas, perguntar, perceber qual o papel dos stakeholders, saber mais sobre os nossos case studies e formas de trabalhar.

 

É sempre importante partilhar experiências e sei que também os profissionais do Grupo GCI vão ganhar com esta visita. As dúvidas das nossas colegas brasileiras vão obrigar-nos a continuar a melhorar os nossos projectos.

 

E sim, vamos exportar para o Brasil projectos na área da sustentabilidade. A seu tempo irei revelar mais sobre este assunto, mas reconheço que sabe bem ver como outros mercados avançam para ideias desenvolvidas de raiz pelo Grupo GCI – mas que envolvem toda uma panóplia de empresas e instituições, Governo e ONG.

 

A presença em Portugal da Edilaine e Michele levou-me de volta à ideia que tenho aqui desenvolvido nas últimas duas semanas: a do triângulo Angola/Brasil/Portugal. Mas agora com novos dados.

 

Assim, e segundo explicou ontem o Financial Times, o Brasil está a “acelerar” o seu investimento em África, que é como quem diz, na Nigéria, Angola, Argélia e África do Sul.

 

Diz o FT que, nos últimos sete anos, o investimento das empresas brasileiras em África é modesto: apenas 7,2 mil milhões de euros. Mas nos próximos anos ele irá subir em flecha.

 

Entre Setembro de 2008 e Setembro de 2009, por outro lado, as trocas comerciais entre Angola e o Brasil perfizeram os 3,1 mil milhões de euros. Este número, segundo o FT, vai explodir nos próximos anos.

 

“O clima mais quente (resultante das alterações climáticas) poderá reduzir a quantidade de terra cultivável no Brasil. Assim, os produtores de comida e etanol estão [cada vez] mais interessados em expandirem-se para África, especialmente para países como Angola, onde a terra é abundante”, escreve Richard Lapper no FT.

 

O Brasil está a posicionar-se como o principal parceiro dos países africanos no que toca à procura de energia e segurança dos alimentos. “África é o futuro dos recursos naturais do mundo, juntamente com a América do Sul”, explicou por sua vez Roger Agnelli, presidente e CEO da Vale (a antiga Companhia Vale do Rio Doce).

 

Se o Brasil tem interesses muito fortes em países como Nigéria, África do Sul, Argélia e Angola, este último é, naturalmente, um mercado linguística e culturalmente mais chegado. O papel das empresas portuguesas também poderá ser aqui importante. Veremos o que nos reserva o futuro.
 

No sítio certo, na hora certa

08.02.10, José Manuel Costa

Durante décadas, os países europeus, alguns asiáticos e América do Norte mandaram na economia e política global, sendo responsáveis pelos modelos económicos, principais tomadas de decisão geopolíticas e iam impondo, a seu bel-prazer, a marcha do mundo dos negócios.

 

Este cenário mudou. Antes da profunda crise económica global de 2007/2008, já existiam os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). A China já ameaçava os Estados Unidos em todos os índices económicos e seria apenas uma questão de tempo até que a economia virasse para os países em desenvolvimento.

 

O que a crise económica, a falência do sistema bancário e a nova e crescente preocupação com as alterações climáticas veio acelerar foi, sobretudo, a necessidade de repensar a sociedade e a economia mundial.

 

Esta mudança de paradigma veio também ajudar os países em desenvolvimento, sobretudo os BRIC e Angola, a tornarem-se - mais rapidamente - players globais de relevo.

 

Já aqui falei de Angola e do clima de prosperidade que lá se vive. Angola está hoje no sítio certo e na hora certa para se tornar um player mundial de relevo. Em todos os campos e, sobretudo, porque não está amarrada aos vícios fin de siècle das sociedades e economias ocidentais.

 

Um exemplo: Tim Jackson é professor de Desenvolvimento Sustentável na universidade do Surrey e membro da SDC (Sustainable Development Comission) britânica e publicou há meses o livro Prosperity Without Growth (algo como “Prosperidade sem crescimento”, em português).

 

Como é óbvio, o livro tem uma visão muito ocidental da crise económica e dos caminhos a seguir no futuro.

 

“O regresso ao “business as usual” não é uma opção”, começa por dizer Jackson. Assim, e se o pós-crise financeira mantiver inalterado o crescimento económico que vigora desde a Revolução Industrial, “no final do século os nossos filhos e netos irão encontrar um clima hostil, recursos inexistentes, a destruição dos habitats, o fim de espécies animais e vegetais, falta da comida, migrações em massa e, quase inevitavelmente, a guerra”.

 

Isto que dizer que vamos ter que mudar. O desenvolvimento sustentável terá de ser levado verdadeiramente a sério – e basta recordar como não o foi na Cimeira de Copenhaga… – com repercussões imediatas na economia.

 

Esta necessidade dará um avanço considerável a países, como Angola, que não terão de recomeçar do zero. Esta é a altura certa para o fazer – e até aqui Angola leva vantagem em relação aos outros países e outras economias.

 

Diz-nos Tim Jackson que se o crescimento económico não poder ser separado das consequências ambientais (nefastas) – pelo menos nos países ricos – então terá de ser o próprio crescimento económico a ser abandonado.

 

Reforço o que escrevi aqui há dias: a prosperidade de Angola é uma boa notícia para Portugal e a possibilidade de podermos efectivar um triângulo Portugal/Brasil/Angola é um dos mais importantes desígnios estratégicos para as empresas portuguesas dos últimos séculos. Haja, para isso, vontade, disponibilidade e, sobretudo, excelência (nos produtos ou serviços disponibilizados) de todas as partes interessadas.
 

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