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José Manuel Costa

José Manuel Costa

Edelman EMEA tem mais uma afiliada. Adivinhem qual…

17.05.10, José Manuel Costa



Depois do absolutamente genial anúncio de imprensa de 2009, a Edelman Europa (ok, ok, EMEA) voltou este ano à carga com uma nova campanha para meios especializados.

A campanha tem uma novidade – e por isso é que este asterisco é tão importante – que é a presença de Angola como o 11º país africano onde a rede Edelman está presente.

É um orgulho imenso para o Grupo GCI ser referido – e logo duas vezes – no mapa de escritórios da rede Edelman na Europa (ok, ok EMEA).

“Normalmente realçamos as nossas metodologias pioneiras e a nossa visão, mas desta vez apostámos na nossa herança e nostalgia”, escreveu David Brain aqui.

Herança – mais que nostalgia – ora aí está uma palavra tão importante no nosso dia-a-dia de consultor de Public Relations.

A Edelman chegou à Europa em 1967, quando lançou o escritório de Londres, e tem já 17 escritórios próprios e 30 afiliados. O Grupo GCI, recorde-se, é afiliado da Edelman desde 2005.

O que nos está a passar ao lado (1)

13.05.10, José Manuel Costa

Em 2004, o Banco Mundial afirmou que a China era responsável por apenas 5% dos projectos globais de desenvolvimento “verde” ou sustentável.

Em 2008, ano em que o Banco Mundial pela última vez reviu estes valores, esta percentagem tinha subido para os 84%. Na Europa temos essa percepção? Não.

O investimento da China em tecnologia verde chegou aos 27,5 mil milhões de euros em 2009, contra, por exemplo, os 15 mil milhões de euros norte-americanos. Na Europa temos essa ideia? Provavalmente, não.

Em 1999, a China era responsável pelo fabrico de apenas 1% dos painéis solares mundiais. Em 2008, o país passou a ser líder na produção de painéis solares, com uma quota de mercado de 32%. Isto é verdade? Aparentemente, sim.

E isto é só o início. Estes valores e percentagens, ainda que já globalmente bastante apreciáveis, tenderão a subir nos próximos anos, à medida em que as políticas industriais tomadas pelo Governo chinês – há pouco menos de dez anos – reforçarem o seu efeito.

Como escrevia esta semana Bruce Usher no International Herald Tribune, para a China o facto de se tornar na líder global em tecnologia limpa não tem nada a ver com o ambiente – mas sim tudo a ver com emprego.

“No futuro previsível, o grande desafio para Pequim é garantir emprego a todos. E o aumento dos rendimentos”, revelou o executivo da Columbia Business School. E onde haverá esse emprego? Na área da sustentabilidade.

Os meios justificam os fins, diria Maquiavel. Mas a verdade é que os desafios da energia verde não podem ser ignorados. Sobretudo, como o tem sido, por países como os Estados Unidos.

O comboio da sustentabilidade já não vai parar. Copenhaga não o parou. O adiamento da discussão no senado norte-americano também não. E os cépticos idem idem. E até a camaleónica China deixou de ser vermelha e já é verde.

Ah, e sobre os cépticos. Lembro que há dias, quando Rajendra Pachauri veio a Portugal, houve uma ideia por ele transmitida que parece ter chocado quem esteve na Fundação Gulbenkian.

O presidente do Painel Intergovernamental da ONU para as alterações climáticas disse então que a razão pela qual há tantos cépticos das alterações climáticas resume-se ao facto dos cientistas serem “péssimos” a comunicar com o público. “Não estamos a usar os argumentos certos”, explicou.

Ora, aqui estão duas questões que nos estão a passar ao lado: a China verde e os cépticos que só existem porque os cientistas não sabem comunicar. Há aqui muitas mentalidades para mudar…e isso só pode ser um bom sinal.

A presença africana na Expo 2010

12.05.10, José Manuel Costa

Angola, Argélia, Egipto, Nigéria, África do Sul, Tunísia, Líbia e Marrocos. Pelas minhas contas, estes são os oito países africanos com pavilhão próprio na Expo 2010, em Xangai.

Deste oito destaco as presenças de Angola, África do Sul e Nigéria. O pavilhão angolano tem como lema “Nova Angola, Vida Melhor” e ocupa um espaço de 5.000 metros quadrados. Lá dentro, o país promove as suas invejáveis capacidades e potencialidades económicas, financeiras, culturais e turísticas.

A comitiva angolana aposta no acelerado crescimento económico dos últimos anos – realçado pelos novos e ainda mais animadores números previstos para este ano – para convencer os visitantes a passarem pelo pavilhão. O objectivo é muito ambicioso – sete milhões de visitantes. Na Expo 2008, em Saragoça, o pavilhão angolano recebeu quatro milhões de visitantes.

O pavilhão de Angola fala de urbanismo e, sobretudo, de habitação. Construção, novas tecnologias e História de Angola são outros dos pontos altos do espaço. Aqui nota-se uma diferença significativa, em termos de conteúdos e temas, em relação a outras exposições mundiais. Aliás, também as presenças nigeriana e da África do Sul possuem esta característica de mudança.

Um dado importante. Em Julho, a comitiva angolana organizará jornadas de negócios entre empresários angolanos e chineses. A Expo, como é óbvio, é mais que um evento cultural. É uma feira, sobretudo, de negócios. Globais.

Já o pavilhão nigeriano tem três eixos: um que coloca a Nigéria como a West African Coast (onde é que já vi isto?), outro que dá conta e elogia o clima de paz que vive no país; e outro ainda que tem como tema principal os negócios.

A Nigéria – que faz parte dos Next Eleven identificados pela Goldman Sachs – tem uma das economias, a par de Angola, que mais cresce no mundo. E será, em pouco tempo, uma potência. Uma grande potência global.

Finalmente, a África do Sul. É um pavilhão sóbrio e simples. Provavelmente, um contraste do próprio país. Ainda assim, merece ser visitado, apesar da Expo 2010 ter sido relegada para uma segunda prioridade, depois do Mundial 2010. É pena, até porque seria uma boa forma de divulgar o próprio Mundial e o esforço feito pelo Governo sul-africano em proporcionar mobilidade e qualidade de vida às suas principais cidades. Afinal, este é "o" tema da Expo.

No total, são 42 os países africanos que estão presentes em Xangai – quase o dobro dos 22 que marcaram presença em Saragoça. Uma das atracções da Expo, na minha opinião, é a capacidade que nós, visitantes, temos de perceber as mudanças na mentalidade dos países que nela participam de dois em dois anos.

É também a melhor forma de nos mantermos actualizados com o que se passa no mundo. E mais do que os pavilhões dos países europeus ou norte-americanos, é nos países africanos e sul-americanos que esta nova expansão económica e de mentalidade se nota.

Vejam aqui o que de melhor tem esta Expo, na escolha do Público.

Papa, futebol e crise. Será este o nosso fado?

11.05.10, José Manuel Costa

Os últimos dois dias pareceram durar semanas. Domingo à noite, celebração do título do Benfica e primeiras e estratégicas informações de um apertar de cinto que há muito se previa mas que apenas os gritos de “SLB, SLB, SLB” tornaram públicos – e ajudaram a abafar.

Ontem, segunda-feira, um dia absolutamente atípico. Um misto de fim, continuação e princípio de festa – consoante os casos – misturado com prováveis aumentos de impostos e uma imensa confiança de que nada será igual nos próximos meses.

Hoje, chegou finalmente a Portugal o Papa Bento XVI.

 

Joseph Ratzinger tem em mãos um dos mais difíceis papados da História. Primeiro, porque sucedeu a um dos mais carismáticos Papas dos últimos séculos, João Paulo II. Em segundo lugar, porque não entrou com o pé direito, depois de alguns comentários sobre “fundamentalismo religioso” e que irritaram a comunidade muçulmana.

Finalmente, chegou o escândalo de pedofilia na Igreja católica e a revolta da importante e influente comunidade católica norte-americana, sobretudo pela actuação do actual Papa nos anos 80, quando terá ignorado a acusação de pedofilia de um sacerdote californiano, tendo mesmo desaconselhado que este fosse excomungado.

A visita de Bento XVI a Portugal será importante para nós, portugueses, percebermos em que estado se encontra a nossa própria fé. Acredito que o Terreiro do Paço encherá hoje, assim como Fátima e o Porto – mas mais importante será sentir o pulsar da população portuguesa e o interesse que esta terá na visita de Ratzinger. Será também interessante perceber a mensagem que Bento XVI dedicará ao povo português.

Uma última palavra para a forma como o Papa foi recebido pelo Estado laico português. Se não me choca o investimento que foi feito para receber o chefe de Estado do Vaticano e líder da Igreja Católica, não direi o mesmo em relação à tolerância de ponto dada para o dia 13.

O discurso do sacrifício para baixar o défice não liga com a benesse de menos um dia de produtividade (pública) nacional. Soa a discurso populista? Soa, sim senhor. Mas, mais do que nunca, esta é a altura para unanimidade nacional – e não para a divisão da sociedade.

Uma nova era de compromisso

10.05.10, José Manuel Costa

Acabaram-se das maiorias absolutas? Não. Haverá cada vez menos maiorias absolutas? Acho que sim.

Se as eleições britânicas nos ensinaram alguma coisa – e certamente nos ensinaram várias… - essa coisa foi que estamos perante uma nova era (política e apolítica) de compromisso, em que as maiorias serão cada vez mais (ditas) relativas e menos absolutas, e onde os políticos de cores diferentes terão de chegar a consensos para poderem governar.

Votos de protesto, emergência de partidos políticos ou simplesmente o decalque eleitoral da crise económica que parece que não nos larga, todas estas razões contribuem para a divisão do eleitorado.

Não estou aqui a discutir se uma é melhor que a outra. Acredito que as melhorias absolutas são importantes para uma governação forte e estável – no entanto os países não podem desperdiçar meses e anos de possível crescimento económico e social em lutas pelo poder.

A estabilidade – hoje mais do que nunca – é essencial para o crescimento económico. A desconfiança gera maiorias relativas e o papel dos líderes políticos é encontrarem consensos entre eles.

Tal como nas empresas e outras organizações da sociedade, também os Governos têm de pensar primeiro no colectivo. A era do individualismo acabou, colapsada perante a queda dos mercados financeiros e o flop da economia global nos idos de 2008.

Sobre as eleições britânicas, disse aqui há quatro dias que os conservadores deveriam regressar ao poder. A surpresa aconteceu apenas na votação de Nick Clegg, que ainda assim deverá conseguir uma coligação com David Cameron. A seguir também atentamente nas próximas horas.

Desde 1974 que o país não vivia esta ansiedade política. “À falta de um claro vencedor, os políticos britânicos terão de fazer algo a que não estão habituados - um acordo com os partidos adversários”, explicou Jonathan Tonge ao Público. Ora, se não estão habituados, habituem-se.

Apesar da eventual boa vontade de Cameron e Clegg, a imprensa britânica já aponta para novas eleições para o curto prazo. Não vem nada a calhar, pois não?

Pachauri em Lisboa (2)

07.05.10, José Manuel Costa

Volto à conferência de Rajendra Pachauri em Lisboa para analisar o resto dos temas abordados e que, infelizmente, apenas tive oportunidade de ler.

 

Na minha opinião, a resposta que Pachauri dá aos cépticos das alterações climáticas é bastante boa. Como e quando podemos ter certezas sobre as alterações climáticas, perguntam os cépticos? Quando for já tarde demais e estivermos confrontados com um “desastre absoluto”. E depois, o que fazer? Bom… nada.

 

O responsável voltou à velha máxima – já gasta, diga-se de passagem – do “isto não é só uma ameaça, é uma oportunidade” para explicar que a mudança para uma nova ordem ambiental não implicará grandes cortes económicos.

 

“Há mais possibilidade de criação de emprego nas energias renováveis do que na indústria dos combustíveis fósseis” ou “temos que reduzir as emissões de gases de estufa a curto prazo para ter benefícios a médio e longo prazo” foram algumas das frases utilizadas para o acentuar.

 

É possível, continuou Pachauri, reduzir as emissões com as tecnologias actuais, sendo que isso significará uma perda de riqueza de apenas 3% (será?...) do PIB global em 2030. Essa perda, no entanto, será recuperável em “poucos meses ou um ano”. (Será?...)

 

Em relação aos benefícios de termos um mundo mais sustentável, nem vale a pena evidenciá-los. Já falei o bastante neste blog sobre isso. Mas voltarei ao tema quando e como quiser, disso podem ter a certeza…

Eleições, jornais e coisas que nunca mudam

06.05.10, José Manuel Costa

Se, como tudo indica, David Cameron for eleito primeiro-ministro do Reino Unido, esta terá sido - entre outros - uma vitória dos jornais.

As eleições têm inúmeras particularidades, estatísticas e diferentes ângulos de análise – e não me vou alongar muito a falar do que realmente irá – previsivelmente – recolocar os conservadores no poder.

Para mim, o apoio dos jornais aos candidatos é das particularidades mais interessantes. Olhem, e até a Wikipedia tem um artigo só para isso!

Assim, dos 23 jornais e revistas britânicos analisados por este artigo da Wikipedia – que pode ser confirmado com as várias fontes de que se serviu, incluindo esta notícia da BBC –, apenas o Daily Star não declarou o seu apoio a nenhum partido ou candidato.

Ainda destes 23 meios analisados, quatro dizem que não apoiam ninguém – o Independent, o Independent on Sunday, o The People e a New Statesman.

David Cameron consegue o endorsement de 15 jornais ou revistas – ainda que alguns, como o Financial Times, Daily Express ou Daily Mail não o tenham expressado directamente.

Resta assim, a Gordon Brown, o apoio do Daily e Sunday Mirror – Nick Clegg é apoiado pelo altamente influente The Guardian e pelo “irmão” Observer.

Um cenário bastante diferente do português, já se sabe.

Depois de treze anos de Governo trabalhista, parece que vamos ter um conservador de volta ao poder. São muitos anos de desgaste e é normal esta necessidade que o povo britânico tem de mudança – e aqui até acredito que Nick Clegg pudesse ter aproveitado melhor esta situação, apesar da sua campanha ter sido apelidada de bastante boa, sobretudo, como se sabe, devido à grande prestação nos debates televisivos.

Conta o Público que Cameron andou os dois últimos dias de campanha numa maratona de visitas a mercados, lotas e quartéis de bombeiros, num esforço para convencer os indecisos, que serão cerca de um terço dos 45 milhões de eleitores.

Ah, afinal há coisas, nas eleições, que nunca mudam. Lá, como cá.


PS: Nas eleições – sentido lato – parece haver sempre alguém que recupera nas sondagens nos últimos dias de campanha mas que, eventualmente, nunca chega a ser suficiente. Desta vez a fava calhou a Gordon Brown…

PS2: O Brand Republic diz que, nesta fase final da campanha, os conservadores optaram pelo YouTube enquanto os trabalhistas preferiram o mobile e as redes sociais. A ler aqui.

Pavilhão de Espanha: a sensação da Expo 2010

06.05.10, José Manuel Costa

Já destaquei o Pavilhão de Espanha como um dos melhores, ao nível da arquitectura, da Expo 2010. Hoje vou falar dos conteúdos, que são... absolutamente sensacionais. De que vale ter um pavilhão excelente por fora se lá dentro for um vazio ideológico? Para mim, o Pavilhão de Espanha é a sensação da Expo.

O edifício é, já por si, um monumento impressionante, todo forrado com placas – a lembrar escamas – e trabalhadas em vime e aço, com diferentes texturas. O projecto é do estúdio barcelonês Miralles Tagliabue.

Ainda assim, o melhor do Pavilhão está lá dentro. A viagem que os seus visitantes fazem no interior é, toda ela, uma manifestação de regozijo e entusiasmo cultural espanhol.

Dentro do pavilhão, um túnel leva-nos numa viagem de 360 graus que nos envolve numa festa constante, repleta de emoções, marcos da vida cultural, social e desportiva espanhola.

As emoções são-nos transmitidas por símbolos que, de forma quase despercebida, nos transportam para a fiesta espanhola.

Depois de visitar o pavilhão espanhol dá quase vontade de entrar num táxi - para o aeroporto - e apanhar o primeiro avião com destino a Espanha. Dezoito valores, num máximo de vinte.

O TreeHugger também faz uma selecção dos melhores e piores pavilhões. O Pavilhão de Espanha não está entre os melhores – calculo que só tenham avaliado a arquitectura exterior – mas são sublinhados os espaços do Reino Unido, Dinamarca, Holanda, Suíça. E o Pavilhão corporativo.

Nos piores pavilhões encontramos os Estados Unidos, Canadá e Arábia Saudita. No comments... Confira aqui a lista toda.

PS: Num dos jogos de futebol mais vistos deste ano, o Liverpool enfrentou o Chelsea com o nome do seu patrocinador, a Carlsberg, escrito em caracteres chineses. Foi no sábado, naquela que foi também a primeira vez que a marca mudou o seu logo em 18 anos. O objectivo? Celebrar o início da Expo 2010 com os fãs chineses da marca. Atenção que o interesse dos chineses no futebol cresce a olhos vistos…