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José Manuel Costa

José Manuel Costa

Pachauri em Lisboa (1)

05.05.10, José Manuel Costa

As alterações climáticas são “certezas absolutas” que terão “efeitos inequívocos” no planeta. E se continuarmos a consumir os recursos a esta velocidade, a vida de milhares de milhões de pessoas pode tornar-se insustentável do ponto de vista ambiental, económico, alimentar, da saúde e de segurança.

Em Portugal, e se nada for feito, dentro de décadas haverá menos água, mais e piores secas, mais fogos florestais, mais ondas de calor, quebras na produção agrícola, perdas de biodiversidade e perdas de receitas no turismo.

E porque razão ainda há tantos cépticos das alterações climáticas? Porque os cientistas “são péssimos” a comunicar com o público. “Não estamos a usar os argumentos certos”, explicou, durante uma conferência promovida pela Fundação Gulbenkian, Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental da ONU sobre as alterações climáticas.

Parece brincadeira, mas a conversa é bem séria. E Pachauri tem razão. O Painel Intergovernamental das Nações Unidas depende, essencialmente, do trabalho de cientistas. Mas não têm que ser necessariamente eles a comunicarem ou a preparem a estratégia de divulgação das suas descobertas.

Repito: os cientistas “são péssimos” a comunicar, disse Pachauri. Sim, mas não há problema. É para isso que aqui estamos! “Não estamos a usar os argumentos certos”, continuou o responsável. Mas afinal, para que servem as agências de PR?

Oeiras Sustentável: a nossa mini-Expo

04.05.10, José Manuel Costa

Arrancou hoje o primeiro GPA Roadshow do ano. Ainda que à distância, sei que o Oeiras Sustentável será um sucesso e convido-vos desde já a passarem pelo Jardim Municipal de Oeiras para o visitarem.

 

Para perceber a importância que a sustentabilidade terá, a curto prazo – para mim já o tem – numa cidade, basta fazer um rewind pelos temas de todas as Feiras e Exposições Mundiais, e perceber que, uma grande parte deles, falam de futuro e modernidade.

 

O automóvel foi o tema da Expo 1897, em Bruxelas, a inauguração do Canal do Panamá foi a grande revelação da Expo 1915 de São Francisco e a importância dos transportes já foi o tema da Expo de Milão, no início do século.

 

Os carros eléctricos foram um dos temas da Expo de Osaka, em 1970, naquela que foi provavelmente a mais bem sucedida Exposição Mundial de sempre.

 

Até hoje.

 

Se em Osaka estiveram mais de 60 milhões de visitantes, em Xangai espera-se entre 70 a 100 milhões. Um investimento recorde para uma feira mundial que, pela primeira vez, tem a cidade como tema principal.

 

Uma melhor cidade e com mais qualidade de vida é o tema central de Xangai 2010. E ninguém mais que o povo chinês terá (que ter) este lema em mente nos próximos 30 a 50 anos, à medida em que a sua população rural invade as grandes áreas metropolitanas à procura do boom económico.

 

Voltando ao Oeiras Sustentável, do GPA Roadshow, esta é a nossa mini-Expo, centrada no que as cidades – neste caso uma vila, uma grande vila, Oeiras – têm para mostrar... mas também dar a conhecer, às comunidades locais, bons exemplos de desenvolvimento sustentável.

 

O GPA Roadshow é uma feira de presente e de futuro, que vai criar laços sustentáveis entre autarquias e cidadãos, porque hoje – e a Expo 2010 explica-o – é neles que os autarcas têm que pensar quando elaboram o plano estratégico das cidades e vilas.

 

É a qualidade de vida dos cidadãos – e não o seu tamanho – que irá distinguir e separar as cidades do século XXI: haverá as bem sucedidas e as menos conseguidas. E as caóticas. Nestas últimas, digo-vos já, eu não viverei.

Pavilhão de Portugal, uma boa surpresa

04.05.10, José Manuel Costa

O centro do mundo está em Xangai e Expo 2010 está no bom caminho para ser a melhor de sempre. Desconfiava que a organização chinesa não deixaria de espantar os visitantes com uma soberba representação do que será o futuro, mais ainda assim fiquei perplexo com a qualidade dos conteúdos que encontrei em Xangai.

 

Primeiras notas: o nosso pavilhão foi uma boa surpresa. Estamos muito bem representados tanto ao nível arquitectónico – um edifício forrado a cortiça – como ao nível dos conteúdos.

 

Partimos do passado – ou melhor, desprendemo-nos da imagem do nosso passado, daquilo que fomos – para nos projectarmos para o futuro, num excelente filme e que recomendo que vejam. A história aliada à tecnologia. Claro que a nossa aposta nas energias renováveis não poderia deixar de fazer parte do “cenário”, assim como a secular influência portuguesa na China e vice-versa.

 

Fui um dos 10 mil visitantes dos primeiros dias do Pavilhão de Portugal e posso dizer que vale muito a pena visitá-lo. É um excelente cartão de visita para o nosso país. Para além da sua magnitude arquitectónica, o nosso pavilhão não se perde no essencial: as energias renováveis representam 45% da electricidade consumida em Portugal e, em 2020, esta percentagem vai chegar aos 60%. Conseguimos passar esta mensagem.

 

É muito importante a ligação que o Pavilhão de Portugal faz às energias renováveis, à sustentabilidade e à eficiência energética. É também interessante que a fachada do pavilhão seja revestida de cortiça – 2.000 metros quadrados de um material português, reciclável e ecológico.

 

Trata-se de um exemplo de inovação e de boas práticas ambientais e irá potenciar a nossa imagem junto dos cerca de 70 a 100 milhões de visitantes previstos para a Expo 2010.

 

Mas há mais pavilhões simplesmente extraordinários, a começar, claro, pelo chinês. Para quem quer visitar a Expo 2010 destaco ainda os pavilhões da Coreia do Sul, Israel, Austrália, Inglaterra, Alemanha, França, Polónia, Suécia, Dinamarca, Espanha e Noruega.

 

Voltarei em breve com mais “estórias” de Xangai.

Do futuro para o presente: a crise

04.05.10, José Manuel Costa

Faço um "stand by" na análise – ao vivo e a cores – da Expo 2010 de Xangai para falar um pouco sobre a crescente crise de confiança que se vive em Portugal.

 

Infelizmente, o Edelman Trust Barometer Portugal, que apresentámos no início do mês passado, antecipou este cenário. Recordo que, segundo o estudo, em Portugal os níveis de confiança eram (são) globalmente baixos.

 

Empresas, media e Governo: nenhum escapou ao sentimento de “desconfiança” que se apoderou na sociedade portuguesa. Apenas as ONG conseguiram, no estudo, um resultado positivo: 52%.

 

Aliás, para termos uma ideia da importância deste estudo sobre a confiança no funcionamento, por exemplo, do sistema económico de determinado país, basta ver que países como a Irlanda, Espanha, Portugal ou Itália – a Grécia não está representada – partilham os últimos lugares no Edelman Trust Barometer em várias áreas. Reconhece-os das notícias?

 

Como sabem, o público-alvo do estudo são licenciados com rendimentos altos, consumidores habituais de informação – com destaque para a informação política e económica. São decisores, por isso não admira que a sua pouca confiança nas instituições seja bastante relevante neste estudo.

 

Como já aqui defendi, as agência de Public Relations têm o seu papel nesta crise de confiança. Temos que trabalhar com os stakeholders para mudar esta situação: sermos campeões da transparência, construir parcerias activas, aceitar a complexidade e socializar as media relations.

 

Hoje vive-se um clima instável. É preciso que cada instituição construa o seu próprio portfólio de confiança, detecte e reconheça os influenciadores de cada processo. E active-os.

 

Estou na China e todos os dias me apercebo da euforia que se vive no País. Uma euforia saudável, feita de crescimento económico e reinvenção urbanística. Um pouco à medida, bem vistas as coisas, da sua própria prestação no Edelman Trust Barometer. Não pode ser coincidência…

 

Finalmente, faço minhas as palavras de Augusto Mateus durante a apresentação do Edeman Trust Barometer Portugal: “o mundo não está fácil e em Portugal está um bocadinho mais difícil” e “não há retoma em Portugal”. São frases duras mas, vistas agora, plenas de verdade.

 

Termino este post com outra referência a Augusto Mateus, desta vez à sensação de “fim de festa” que se vive um pouco em todo o lado – e Portugal em especial. Sim, é verdade, mas esta sensação deverá ser ultrapassada – com outras já o foram anteriormente – numa nova lógica de recuperação da confiança.

 

Ou, nas palavras de Augusto Mateus, do fim do egoísmo e do fim do individualismo. Só com novos paradigmas como o do public engagement, de que tanto tenho aqui falado, podemos chegar a este “next level” empresarial, social e económico. Eu acredito que, com as políticas e as empresas certas, podemos atingi-lo em pouco tempo. Basta sermos optimistas e suficientemente inteligentes e profissionais para o fazermos.

China e UE entendem-se na questão climática. Haja confiança!

01.05.10, José Manuel Costa

Continuo a minha ronda pelos BRIC para falar de um tema que, estranhamente, nos passou um pouco ao lado, mas que está a ter um grande alarido aqui, na China.

 

Falo da cimeira UE/China, onde foi dado um passo muito importante para que a Conferência de Cancun, no final do ano, não seja um Copenhaga – parte 2.

 

“A China e a União Europeia apreciam os esforços comuns no combate às alterações climáticas e gostariam de realçar o apoio ao Acordo de Copenhaga e promover o consenso político atingido para este acordo”, disseram as duas partes em comunicado.

 

De resto, a própria China já tem um acordo idêntico com os Estados Unidos. Estes acordos, claro, são fundamentais para que Cancun 2010 não passe de um mera viagem de turismo. É preciso confiança (mais uma vez, a confiança…) nas relações. E as relações políticas e governamentais não fogem à regra.

 

Com este acordo, China e UE têm linha directa para tratar das questões do clima, sendo que este entendimento será, como é óbvio, muito importante para que Conferência de Cancun não passe da cepa torta.

 

Esta “linha directa” significará que ambas as partes irão discutir e fortalecer esta colaboração regularmente, conhecendo melhor os argumentos da outra parte.

 

Este ponto é muito importante. Terá sido este um dos problemas da última Conferência de Copenhaga. As partes não terão comunicado bem, chegaram à capital dinamarquesa com ambições diferentes, desconhecendo os argumentos e necessidades dos outros países. Como será em Cancun?

 

“Acredito que a China e a União Europeia já têm contactos muito chegados, mas este é o início de uma verdadeira parceria”, disse também o sempre diplomata José Manuel Durão Barroso. A verdade é que não podemos passar o resto do ano a lamentarmo-nos por causa do acordo não-vinculativo de Copenhaga. Há que seguir em frente e isso deveria ter sido assumido a partir do primeiro dia pós-Copenhaga.

 

Muito provavelmente, também não haverá acordo vinculativo em Cancun. Mas terá de haver um muito forte princípio de acordo. Talvez aí possamos pensar numa acordo climático global para o final de 2011, na África do Sul. Já não era nada, nada mau.

 

PS: É interessar analisar os ângulos de abordagem desta notícia, na Europa e na China. Enquanto que o China Daily preferiu realçar as palavras de Zhang Jianyu, que reduziu a importância do acordo e disse que era preciso acção e não diálogo, na Europa realçaram-se as palavras do presidente chinês, Wen Jiabao, que disse que a China queria assumir maiores responsabilidade internacionais.

Começou a Expo 2010!

01.05.10, José Manuel Costa

Começou ontem a Expo Xangai, onde nos próximos seis meses cerca de 240 países e organizações internacionais vão debater uma cidade melhor, uma cidade com melhor qualidade de vida.

 

É a exposição mundial com o maior número de participantes de sempre e irá, certamente, marcar o ano de 2010. Falar-se-á de inovação, cooperação, intercâmbio entre os povos, mas também de futuro, natureza, ambiente, saúde, sustentabilidade e cidade.

 

É uma Expo que nos chega durante uma crise financeira mas que permitiu à China melhorar as infra-estruturas de Xangai, como já tinha feito, em 2008, para os Jogos Olímpicos de Pequim. A escolha do tema demonstra, como explicou Jean-Pierre Lafon, que é nas cidades que está o futuro da humanidade.

 

Este é, também, o maior desafio – e o dilema – do século. Como melhorar a qualidade de vida da crescente população urbana? A sua mobilidade, sustentabilidade, saúde, condição financeira? Prevê-se que mais de 70 milhões de pessoas visitem a Expo Xangai – e eu serei um deles.

 

Comentarei aqui as minhas impressões sobre esta fantástica demonstração de superação humana.

 

Entretanto, chamo a atenção para o site da Expo (que, aliás, está a merecer rasgados elogios). Uma excelente visita virtual e… conteúdos, conteúdos, conteúdos. É aqui que está o futuro!

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