Faço um "stand by" na análise – ao vivo e a cores – da Expo 2010 de Xangai para falar um pouco sobre a crescente crise de confiança que se vive em Portugal.
Infelizmente, o Edelman Trust Barometer Portugal, que apresentámos no início do mês passado, antecipou este cenário. Recordo que, segundo o estudo, em Portugal os níveis de confiança eram (são) globalmente baixos.
Empresas, media e Governo: nenhum escapou ao sentimento de “desconfiança” que se apoderou na sociedade portuguesa. Apenas as ONG conseguiram, no estudo, um resultado positivo: 52%.
Aliás, para termos uma ideia da importância deste estudo sobre a confiança no funcionamento, por exemplo, do sistema económico de determinado país, basta ver que países como a Irlanda, Espanha, Portugal ou Itália – a Grécia não está representada – partilham os últimos lugares no Edelman Trust Barometer em várias áreas. Reconhece-os das notícias?
Como sabem, o público-alvo do estudo são licenciados com rendimentos altos, consumidores habituais de informação – com destaque para a informação política e económica. São decisores, por isso não admira que a sua pouca confiança nas instituições seja bastante relevante neste estudo.
Como já aqui defendi, as agência de Public Relations têm o seu papel nesta crise de confiança. Temos que trabalhar com os stakeholders para mudar esta situação: sermos campeões da transparência, construir parcerias activas, aceitar a complexidade e socializar as media relations.
Hoje vive-se um clima instável. É preciso que cada instituição construa o seu próprio portfólio de confiança, detecte e reconheça os influenciadores de cada processo. E active-os.
Estou na China e todos os dias me apercebo da euforia que se vive no País. Uma euforia saudável, feita de crescimento económico e reinvenção urbanística. Um pouco à medida, bem vistas as coisas, da sua própria prestação no Edelman Trust Barometer. Não pode ser coincidência…
Finalmente, faço minhas as palavras de Augusto Mateus durante a apresentação do Edeman Trust Barometer Portugal: “o mundo não está fácil e em Portugal está um bocadinho mais difícil” e “não há retoma em Portugal”. São frases duras mas, vistas agora, plenas de verdade.
Termino este post com outra referência a Augusto Mateus, desta vez à sensação de “fim de festa” que se vive um pouco em todo o lado – e Portugal em especial. Sim, é verdade, mas esta sensação deverá ser ultrapassada – com outras já o foram anteriormente – numa nova lógica de recuperação da confiança.
Ou, nas palavras de Augusto Mateus, do fim do egoísmo e do fim do individualismo. Só com novos paradigmas como o do public engagement, de que tanto tenho aqui falado, podemos chegar a este “next level” empresarial, social e económico. Eu acredito que, com as políticas e as empresas certas, podemos atingi-lo em pouco tempo. Basta sermos optimistas e suficientemente inteligentes e profissionais para o fazermos.