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José Manuel Costa

José Manuel Costa

Quem quer apostar?

30.07.10, José Manuel Costa

A 1 de Agosto de 2011, o Facebook terá mil milhões de utilizadores. Querem apostar? (deixem as respostas nos comentários).

 

Há dias, a rede social anunciou que chegou aos 500 milhões de utilizadores em todo o mundo, o que representa um crescimento de 100 mil nos últimos cinco meses e meio.

 

Por isso a minha aposta é arriscada... mas não deixa de ser um bom desafio futurista.

 

O Financial Times, por exemplo, utiliza o caso português para justificar o abrupto crescimento da rede social, no último ano, na Europa.

 

A nossa taxa de penetração subiu dos dez para os 63%. (deveremos estar no top 10 do crescimento mundial, não?)


Brasil e Ásia são as próximas prioridades. No País de Lula, o número de utilizadores subiu dos 1,3 para os seis milhões em apenas um ano, mas o Orkut ainda continua fortíssimo – e deverá continuar durante algum tempo.

Na Ásia a situação é diferente. A partir do momento que o Facebook começar a ser bem sucedido – já o é em alguns países, como na Indonésia, onde a taxa de penetração é de 87% - então será uma montanha russa. Ascendente.

 

Na minha opinião, a estratégia de Zuckerberg e companhia terá de manter a sua coerência – e coexistência nem sempre fácil entre os interesses comerciais do Facebook e a não-antagonização dos seus utilizadores.

 

Vai continuar a ser nesta capacidade de gestão comercial/emocional que se jogará muito do futuro do Facebook.  

 

 

O projecto Obesidade Zero e os Nutrition Awards

29.07.10, José Manuel Costa

O projecto Obesidade Zero foi um dos vencedores dos Nutrition Awards, na categoria de Saúde Pública.

 

Há duas semanas, a nutricionista Ana Rito, que fez parte da equipa responsável por este bem sucedido projecto, explicou na SIC o estado da obesidade em Portugal.


Do discurso de Ana Rito retenho algumas ideias.

 

  1. Em Portugal mais de 30% das crianças têm excesso de peso;
  2. O Obesidade Zero é pioneiro porque envolve todas as autarquias que querem responder a este problema e não sabem como;
  3. O projecto tem parcerias com o Instituto Ricardo Jorge, Universidade Atlântica, autarquias, escolas, centros de saúde;
  4. O projecto identifica todas as crianças com excesso de peso de todos os municípios aderentes;
  5. Acção: desenvolvimento de workshops de cozinha saudável para famílias, sessões de aconselhamento e educação alimentar individual;

 

Os resultados preliminares são muito positivos, segundo Ana Rito, e mais municípios querem trazer este projecto para as suas escolas e centros de saúde.

 

E, sobretudo, o tema está hoje finalmente na agenda política. Do Ministério da Educação e do Ministério da Saúde.


O Obesidade Zero é, de facto, um excelente projecto de nutrição sustentável. Como o são, noutras áreas, grande parte dos projectos avaliados pelo Nutrition Awards.


Mas a luta contra a obesidade – e outras relacionadas com a saúde e nutrição – é mais complexa e duradoura e são precisas outras “armas” e estratégias para a vencer.

 

É preciso recorrer ao Public Engagement.

 

Por isso, os Nutrition Awards já são uma referência na área da nutrição em Portugal. Convido-vos a conhece-los melhor no link.

 

E a rever a entrevista a Ana Rito, abaixo.

 

A África do Sul e o pós-Mundial

28.07.10, José Manuel Costa

Durante um mês, o mundo foi a África do Sul.

 

O Mundial foi um sucesso, os alarmistas ficaram calados, os optimistas venceram.

Sim, o Mundial foi um momento histórico para a África do Sul e para todo o continente africano – e por certo inspirará todo o século que ainda temos pela frente.

 

Mais isso é o menos.

 

O mais importante ainda está por fazer: exportar o sonho por mais um mês, mais um ano, para a próxima década.

 

E continuar com os investimentos económicos e logísticos. E aumentar os investimentos sociais e a taxa de emprego.


Como era de esperar, a África do Sul já saiu das bocas do mundo. O que ficou? A sensação de que o Governo consegue controlar as altas taxas de criminalidade e promover parcerias público-privadas que tenham como destinatários uma grande franja dos seus 50 milhões de habitantes.

 

O investimento em infra-estruturas deve, agora, continuar. Nesta área, as políticas de mobilidade e construção sustentável terão que estar sempre em cima da mesa.


O Gautrain, comboio que liga Joanesburgo, Pretória e o Aeroporto Internacional Olivier Tambo, é um bom exemplo de como se devem nivelar as futuras construções no País.

 

A estabilidade é também vital para termos uma África do Sul a seguir Brasil, Índia ou China na liderança dos países em desenvolvimento.

 

Ah, e não nos esqueçamos das townships. Aliás, o pós-Mundial deveria começar mesmo por aí, integrando as políticas sociais e económicas em prol do aumento da qualidade de vida e dignidade da população.

 

O Mundial foi um enorme atestado de competência para África e tenho a certeza que o resto do mundo já olhará de forma diferente para este enorme continente. Mas ainda só estamos no início da mudança de mentalidades.

A nova era da sustentabilidade hedonística

26.07.10, José Manuel Costa

“A arquitectura é o esforço colectivo de remodelaremos continuamente a superfície do planeta para que as nossas cidades e os nossos edifícios sirvam melhor a forma como queremos viver”.

 

As palavras pertencem a Bjarke Ingels, arquitecto dinamarquês que foi responsável, por exemplo, pelo pavilhão da Dinamarca na Expo 2010 e foram proferidas durante o último Zeitgeist Europa.

 

No seu discurso, o dinamarquês diz que quer deixar de lado a ideia do arquitecto rebelde – e radical – que luta contra o sistema. “Em vez de revolução estamos a falar de evolução, da ideia de que as nossas cidades e edifícios evoluem ao adicionar características e apontamentos do mundo exterior”.

 

Em vez da atitude “less is more”, o arquitecto defende a ideia “yes is more”, ou seja, ao dizer “sim” a todas as preocupações e desafios da sociedade estamos a criar cidades mais diversas e interessantes para viver.

 

Engraçado. “Yes is More” é também o nome de um livro, manifesto arquitectónico e exposição que o arquitecto dinamarquês tem desenvolvido nos últimos anos do seu trabalho.

 

O seu conceito passa pela arquitectura hedonística e responde à questão: que papel podem os arquitectos e arquitectura ter na crescente preocupação pela sustentabilidade?

 

Para estabelecer uma respostas, o arquitecto explica que a sustentabilidade é muitas vezes entendida como algo que nos vai dar menos prazer do que o pressuposto – e estilo de vida – anterior.

 

“A sustentabilidade é muitas vezes entendida como uma espécie de ideia neo-protestante de que tem que haver dor para fazer o bem. Aquela noção, por exemplo, de que não podemos demorar muito tempo a tomar banho porque faz mal ao ambiente”, explica.

 

“Isso faz com que todos tenhamos a ideia de que a vida sustentável é menos divertida que a vida normal”.

O objectivo da arquitectura sustentável hedonística é melhorar a qualidade de vida das pessoas. E é isso que deverá estar sempre em cima da mesa. Yes is More? Sim, eu acredito.

 

PS: Vale a pena assistir à apresentação de Ingels, sobretudo a parte onde o arquitecto compara Copenhaga a Xangai (dos 4 aos 16 minutos). Ou quando explica a forma como transformou um simples bloco de apartamentos no Monte Evereste!

 

 

O choro de Lula da Silva

23.07.10, José Manuel Costa

E a cinco meses de deixar o Palácio da Alvorada, Lula chorou. O presidente brasileiro estava a ser entrevistado pelo Jornal da Record quando, do nada, as lágrimas “pularam de um nó da garganta”, como explicou a sua entrevistadora, Adriana Araújo.

 

Vale a pena ler o texto de Adriana Araújo. “Muitos vão dizer: Lula está em campanha e chorou pra comover o eleitor. E como chefe maior da nação ele terá que ouvir. Está sujeito a isso. Eu que estive diante de Lula, conduzindo a entrevista por uma hora e meia, digo: claro, ele está em campanha…Mas as lágrimas pularam de um nó na garganta. Escaparam. E surgiram justamente quando falávamos das críticas ao governo”.

 

Segundo a jornalista, as lágrimas mostram um homem “ressentido” e “cansado dos julgamentos que qualquer homem público tem que suportar”.

 

Acredito que as lágrimas de Lula são verdadeiras, porque não fogem ao retrato do homem que chegou ao Palácio da Alvorada a 1 de Janeiro de 2003 e de lá sairá para, muito provavelmente, dar lugar a Dilma Rousseff, naquela que deverá ser mais uma presidência histórica para o Brasil.

 

Ainda assim, os próximos meses vão ser (ainda mais) quentes naquele País. Há algumas semanas foram tornados públicos em vários blogs supostos dados que (terão sido) publicados pelo The Economist e que comparam o Brasil de Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Lula - dando esmagadora vantagem política, económica e social ao Brasil do metalúrgico.

 

Estes dados entraram, então, na campanha de Dilma e José Serra.

 

No vendaval da discussão, há quem diminua o papel de FHC na construção do Brasil de hoje. Algo injusto para os três: para Lula, para o Brasil e, claro, sobretudo para o próprio FHC.

 

O nosso Public Engagement não é só bla bla bla...

23.07.10, José Manuel Costa

… por isso queremos atrair o talento em áreas com:


engenharia do ambiente


gestão


economia


medicina


marketing


arquitectura


e liderar a cultura de mudança nas indústrias e na comunicação.


Se acreditam que o nosso desafio é atraente e partilham da nossa visão, não hesitem em submeter a vossa candidatura em http://talentos.gci.pt/.

 

E, já agora, leiam a minha opinião sobre a importância da diversidade na GCI.


Querem mais provas?

22.07.10, José Manuel Costa

Alemanha, França e Reino Unido querem um corte mais profundo nas emissões de carbono dos países da União Europeia.

 

Na edição de sexta-feira do Financial Times, os responsáveis pela pasta do ambiente e alterações climáticas dos respectivos países apelaram a um aumento de 20 para 30% no corte das emissões de CO2 até 2020, tendo como base os níveis de 1990. O artigo de opinião de Huhne, Rottgen e Borloo provocou um mini-ciclone na Europa, com direito a resposta imediata – e crítica – de alguns responsáveis empresariais.

 

Ontem, porém, e no mesmo Financial Times, um grupo de CEOs e presidentes de 27 multinacionais defendeu o apelo de Alemanha, França e Reino Unido, pedindo aos restantes países da União Europeia para apoiar esta proposta.

 

"A vantagem competitiva futura da União Europeia passa por encorajar os seus negócios a ajudarem a mudança transformacional que irá ocorrer na economia mundial nas próximas décadas, não esconder-se dela", escreveram os gestores.

 

"Se nos ficarmos por um corte de 20% é provável que a Europa perca a corrida por um mundo de baixo carbono para países como a China, Japão ou os Estados Unidos – que estão todos a criar um ambiente mais atractivo para investimento de baixo carbono”, tinham defendido os três ministros.

 

Polónia e Itália são dois dos países mais renitentes a esta hipótese. Para Portugal, porém, esta nova meta poderá ser benéfica. Já no domingo, uma fonte oficial do ministério do Ambiente tinha dito ao Diário Económico que o Governo português acreditava que um corte nas emissões de carbono de 20 para 30% até 2020 “servia os interesses de Portugal”.

 

"[Uma meta mais ambiciosa] poderá estimular a economia no curto prazo e defendê-la no longo prazo contra a ameaça climática”, disse a mesma fonte. “Portugal ganharia com um nível de exigência mais elevado em toda a União Europeia”.

 

"Se pensarmos no exemplo das energias renováveis, é fácil entender que uma meta europeia de 30% para a redução de emissões até 2020 significa maior procura de equipamentos de geração eléctrica a partir de fontes renováveis”, continuou fonte oficial.

 

Esta é mais uma prova de que o futuro empresarial passa pela sustentabilidade.

 

PS: A proposta conjunta de Berlim, Londres e Paris apanhou de surpresa os responsáveis europeus – sobretudo os gestores empresariais. O meio utilizado para a dar a conhecer, o Financial Times, também foi o mais adequado. Uma excelente estratégia franco-germânico-britânica.

Luanda e Lisboa unidas numa verdadeira parceria estratégica

20.07.10, José Manuel Costa

O mundo mudou muito nos últimos dois anos, por isso a visita de Estado de Aníbal Cavaco Silva a Luanda é mais do que uma mera viagem de cortesia. É uma oportunidade estratégica fundamental para o futuro dos dois países.

Ontem, numa sessão extraordinária do Parlamento angolano, Aníbal Cavaco Silva pediu a Luanda para “consagrar institucionalmente” aquilo que já é uma “verdadeira parceria estratégica” entre os dois países.

Segundo o presidente português, esta parceria permitirá “mais facilmente resolver questões pendentes”. Na minha opinião, esta “consagração” será muito importante para projectar um futuro comum. Económico e político.

Antes desta viagem de Estado, Portugal e Angola já estavam juntos. Pela cultura, história e pela língua comum. A partir desta semana estaremos mais perto. É isso que todos queremos. Mas perto uns dos outros mas também mais perto de outros países europeus e sul-americanos. Trabalhando juntos e com objectivos estratégicos idênticos.

A imprensa portuguesa chamou para manchete – e na minha opinião muito bem – os avanços económicos decorrentes desta visita de Estado. Eu, por outro lado, gostaria de realçar os (avanços) políticos. Até porque uns desbloqueiam outros.

Disse Cavaco Silva que a parceria estratégia luso-angolana deverá, através dos seus “mecanismos de diálogo técnico e políticos, permitir mais facilmente resolver as questões pendentes e traçar rumos para o futuro”.

Continuou Cavaco Silva que a educação e a formação são áreas essenciais da cooperação entre os dois países. “[Hoje] vivemos num mundo em que o conhecimento desempenha um papel decisivo na promoção da competitividade. [A cooperação entre Portugal e Angola] deve prosseguir e reforçar a sua aposta [no conhecimento]”, disse.

Concordo. Mas acrescentaria mais: devem ser criados, em Angola, vasos comunicantes – porque é de conhecimento que estamos a falar – entre stakeholders e shareholders. Em qualquer lugar, qualquer hora e qualquer que seja o meio. O nosso grande desafio é, também, liderarmos este processo.

Ainda ontem, Cavaco Silva voltou a insistir no tema da língua portuguesa, como tinha, aliás, feito há semanas em Cabo Verde. Sim, é verdade, temos uma língua em comum que nos abre mais portas do que fecha. Mas hoje em dia isso não é suficiente. É preciso dizer: temos o know how, as soluções para as nossas e vossas empresas. O caminho é comum.

Sobre esta visita, recomendo o texto escrito pelo jornalista Luís Faria, editor de economia do semanário angolano O País, para o Jornal de Negócios. (o texto foi escrito antes sequer de Cavaco Silva deixar Lisboa e refere também a reunião da CPLP, que será presidida por Angola nos próximos dois anos).

“O significado desta visita de Cavaco Silva a Luanda (…) inscreve-se [também] num horizonte de um mundo que mudou radicalmente nos dois últimos anos, e continuará a mudar, do ponto de vista da distribuição dos poderes. Para lá das inserções regionais de cada um dos países que integram a CPLP, e também em função delas, os diferentes protagonistas da comunidade, e Angola e Brasil são dois protagonistas de vulto, têm que torná-la um trunfo competitivo efectivo no novo quadro global. Lisboa não se pode dar ao luxo de desaproveitar a oportunidade e Luanda sabe-o bem”, explica o jornalista.

PS: A consolidação de grandes grupos de comunicação social em Angola – alguns dos quais, como o Sol, com raízes portuguesas – é outra boa notícia para o desenvolvimento daquele País. E, também aqui, as empresas portuguesas poderão ter uma importante palavra para, juntamente com as angolanas, implementarem estratégias coerentes e que cheguem a objectivos comuns.

Dois bons Twitters

19.07.10, José Manuel Costa

Pedro Santos Guerreiro e Alexandre Pais, respectivamente director do Jornal de Negócios e do Record (e, curiosamente, ambos da Cofina), são dois bons utilizadores do Twitter.

Ambos utilizam esta plataforma – mais o AlexandrePais que o P_S_G_ – para se relacionarem com os leitores. Os actuais e, muito provavelmente, os futuros.

Ao responderem ou simplesmente lerem as perguntas dos seus seguidores, ambos ficam a perceber quais os temas mais relevantes e pertinentes para as futuras edições dos seus jornais.

Por pertinentes leia-se: os temas que os seus leitores gostariam de ver trabalhados.

Estes comentários e sugestões podem mesmo servir como ponto de partida para um artigo ou trabalho mais aprofundado.

No caso de Alexandre Pais, este relacionamento com os leitores vai mais longe e passa até pela explicação das escolhas editoriais do Record.

Um exemplo: na última quarta-feira, depois da vitória de Sérgio Paulinho numa etapa da Volta à França, vários leitores interpelaram o director do Record com esta ideia: Sérgio Paulinho merece ser a manchete do dia seguinte.

A resposta de Alexandre Pais foi clara. “Capa sim, manchete infelizmente não”. Porquê? “Mandam os leitores e o mercado, não eu”.

Ao perceberem as escolhas editoriais dos respectivos directores, os leitores – actuais ou potenciais – conseguem mais facilmente compreendê-las. Isto dá ao Record e Jornal de Negócios mais transparência, interactividade e cria novas relações de confiança e credibilidade com os seus stakeholders.

Mas dará esta interactividade mais leitores aos jornais? Sou da opinião que sim. Tanto online como na edição em papel.

Até que chegará o dia em que os leitores utilizarão as redes sociais para influenciar as manchetes ou a publicação de uma notícia. Querem apostar?

Os perigos do triângulo Portugal/Angola/Brasil

16.07.10, José Manuel Costa

Há duas semanas, Marcelo Rebelo de Sousa (falando da luta PT/Telefónica pela Vivo) alertava para um perigo muito válido para o triângulo económico, cultural e político Portugal/Angola/Brasil: que Portugal seja substituído, nesta equação, por Espanha.

Aliás, o tema das relações entre Portugal, Brasil e Angola - com ou sem Espanha - está na ordem do dia. Esta semana, vários jornais pegaram nele. Destaco, porém, o artigo de Maria João Gago e Alexandra Machado no Jornal de Negócios (que coloca o destaque, apropriadamente, no triângulo Europa/Brasil/África).

E cito o Negócios. “O que a diplomacia económica se esforça tanto por unir, nenhuma empresa pode garantir quando estão em causa negócios transatlânticos. As rivalidades culturais e as heranças históricas vêm sempre à tona sempre que os interesses são antagónicos”.

É verdade.

No entanto, é nesta fase que teremos que trabalhar, a médio e longo prazo, para sermos bem sucedidos. Ninguém disse que seria fácil. Eu já disse aqui, por exemplo, que Angola não é o El Dorado que alguns apregoam. Não há lá nem lucro fácil nem projectos de curto prazo.

Este tema ganha, por isso, uma especial atenção a partir de domingo, quando o presidente da República Aníbal Cavaco Silva for recebido em Luanda.

No domingo, chegará à capital angolana a maior comitiva empresarial portuguesa de sempre. Segundo a Lusa, a vertente económica será apenas mais uma entre as várias que Cavaco Silva procurará promover na primeira visita de Estado, como Presidente da República, a Angola. Política e cultura também fazem parte da equação.

Destaco, porém, o reforço na aposta da formação de quadros, tema que também estará em cima da mesa.

Voltando ao triângulo de Marcelo, creio – como já aqui disse – que Portugal não pode ver Espanha como uma inimiga, mas sim parceira. Continua a fazer sentido esta união ibérica.

E, recordando as recentes palavras de Basílio Horta, não podemos esquecer a China. Portugal tem que assumir o papel de plataforma entre a China, o Brasil e Angola.

“Cada vez mais Portugal tem que assumir este papel em relação aos países de língua portuguesa e em relação ao diálogo entre esses países e a China, especialmente entre a China, o Brasil e Angola”, explicou o presidente do AICEP.

(também por isso esta viagem é tão importante)

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