Media Strikes Back* é o título de um texto de Richard Edelman sobre a recente Annual New Media Academit Summit da Edelman, que decorreu em Junho, em Nova Iorque, e reuniu alguns dos principais executivos de media norte-americanos.
Para se ter uma ideia da importância do encontro, entre os presentes estavam executivos do Washigton Post, Huffington Post, Wall Street Journal, Breaking Media, NBC Digital Media, Associated Press, Hearst ou News Corporation.
A reunião teve como objectivo procurar novos desafios para a indústria e, como sempre, chegou a algumas conclusões interessantes. Aqui ficam algumas delas:
1. Novos leitores e novos canais. Os leitores estão dispostos a pagar pela mobilidade e pelo engagement. Aqui, o iPad ganha pontos e poderá aumentar as receitas das empresas de media. Um exemplo: o The Wall Street Journal vendeu milhares de assinaturas anuais para esta plataforma. O preço? 160 euros cada.
2. Novas fontes de receitas. Jonah Bloom, CEO da Breaking Media, afirma que os media irão integrar o eCommerce directamente nos conteúdos, o que levará, por exemplo, os leitores a poderem ter uma opção de compra de um livro enquanto lêem a crítica desse mesmo livro. Outras novas fontes de receita: ter acesso aos arquivos, a organização de conferências e contactar directamente os jornalistas por e-mail! What about that!
3. A Pay Wall. O acesso a conteúdos pagos é um dos temas do momento, sobretudo depois de Rupert Murdoch ter decidido seguir por esse caminho com alguns dos seus principais meios. “As receitas via assinaturas sempre foram uma pequena parte do modelo de negócio dos jornais. Temos 30 milhões de utilizadores únicos por mês no nosso site”, explicou Raju Narisetti, director executivo do Washigton Post, defendendo o acesso gratuito. Gerard Baker, director adjunto do WSJ, defendeu o modelo… pago. “No início da Internet havia o optimismo de que, se nos focássemos na publicidade, as receitas seriam suficientes. Agora está claro que precisamos de outras receitas”.
4. Reganhar a confiança dos conteúdos. O declínio da confiança nas instituições (negócios, Governo) estende-se aos media. Há que voltar a ganhar a confiança dos consumidores e leitores. “Muitas vezes não conseguimos representar as ideias da maioria dos nossos leitores”, explicou Baker. “Não há originalidade suficiente nas “estórias” que lançamos”, admitiu Bloom. “A transparência é a nova objectividade”, concluiu Mark Lukasiewicz, vice-presidente da NBC Digital Media.
5. Valorizar a conversa. Greg Coleman, presidente do Huffington Post, diz que consegue três milhões de comentários por mês!!! Impressionante. “Os comentários podem reflectir a visão do mercado, mas quem comenta representa uma pequena parte dos leitores. Nós mantemos os comentários o mais aberto possível porque são estes os leitores com os quais mais nos conseguimos relacionar”, explica Narisetti.
6. Medir o trabalho dos jornalistas. Este ponto é importante: de acordo com Raju Narisetti, o Washington Post mede todos os dias o trabalho dos seus jornalistas – em relação a pageviews do artigo, tempo gasto a lê-lo, utilizadores únicos, fotos preferidas – métricas que são essenciais nos negócios.
7. O poder do visual. Outra das tendências é a capacidade que uma foto – ou um vídeo – tem de gerar interesse. Muitas vezes, mais do que os textos.
8. Importância dos mercados locais. O Washington Post chega a 45% de todos os agregados familiares de Washington. São precisos 30 anúncios nas televisões locais e 60 na TV por cabo para conseguir a mesma audiência que um anúncio do Washington Post.
“Nós, que estamos no negócio das PR, deveremos ser inteligentes e adaptar o nosso modelo de negócio para reflectir a nova procura pelo imediatismo, pelo visual, pela conversação e pela localização”, termina Richard Edelman.
Vale a pena assistir aos vídeos da Annual New Media Academit Summit. (São muitas horas de tendências, digitais e não só). Aqui.
Recomendo o visionamento do painel das 9h20, sobre “The democratization of media: succeding in the new world”, e as respostas dos oradores à primeira questão colocada por Matthew Harrington, presidente e CEO da Edelman EUA: “Como pode a mainstream media manter a sua voz e relevância?”