José Ramos Horta dizia na sexta-feira, em entrevista ao Diário Económico, que Portugal poderia usar Timor como trampolim económico para a Ásia.
“Uma empresa portuguesa que se instale em Timor Leste pode muito rapidamente invadir o mercado australiano, indonésio, Singapura, Japão, Coreia do Sul, China. Encurta-se a distância”, explicou Ramos Horta.
Há alguns meses, também Basílio Horta, presidente da AICEP, explicava que Portugal tinha de assumir o papel de plataforma entre a China, o Brasil e Angola – atraindo mais investimento chinês.
Basílio Horta, Ramos Horta – e outros – convergem numa ideia: servir de ponte, de rede entre mercados estratégicos globais é o nosso desígnio para as próximas décadas.
Quando escrevo “nosso”, refiro-me às empresas portuguesas. Temos, até ver, a vantagem cultural. Mas como tão bem sabemos, estas vantagens aparecem e desaparecem de um momento para o outro, por isso é crítico que aproveitemos as nossas oportunidades.
Na verdade, a questão não é tão simples nem tão linear. Veja-se o caso angolano, durante anos tido como El-Dorado para as empresas portuguesas, que lá procuraram o lucro fácil e de curto prazo.
Mas, também é verdade, em Angola respira-se prosperidade. O País tem todas as condições para ser tornar, a médio prazo, num player económico mundial.
Pôde começar do zero, e isso significa sem vícios das sociedades e economias ocidentais. Pode agora construir cidades sustentáveis, por exemplo, investir em competências ligadas às renováveis, dirigir a sua economia para aproveitar as oportunidades certas, mobilizar a sociedade civil para estes temas. E quem diz sustentabilidade diz outros não menos relevantes.
Há um mês, durante o Green Festival, Jaime Lerner falava com entusiasmo de Luanda, apesar de apenas lá ter desenvolvido um projecto muito pontual, respondendo a um problema muito específico de planeamento urbano. E demonstrou vontade em lá regressar.
Os números também ajudam. Na semana passada, o FMI avançou que o crescimento económico angolano deverá ser de 5,9% em 2010 e superior a 7,1% em 2011. Assim, Angola deverá retomar o ritmo de expansão económica de 2008, antes da crise internacional. Isto quando a actividade económica global continua a abrandar, adiantou ontem a OCDE.
Todos estes dados só podem significar uma coisa: o mercado angolano integra um dos mais importantes desígnios estratégicos para as empresas portuguesas dos últimos anos, o chamado triângulo Portugal/Angola/Brasil. A este podemos ainda juntar a Espanha, o mercado asiático e outros PALOP. Porque não, se dispomos de vasos comunicantes e redes de contactos e experiências com todos?
Só aprofundando a cooperação entre todos conseguiremos parcerias verdadeiramente win-win. Como dizia há meses o Jornal de Negócios (sobre as relações Portugal/Brasil/África), “o que a diplomacia económica se esforça tanto por unir, nenhuma empresa pode garantir quando estão em causa negócios transatlânticos. As rivalidades culturais e as heranças históricas vêm sempre à tona sempre que os interesses são antagónicos”.
É aqui que a GCI – nas suas diversas declinações, nos vários países em que estamos presentes, sozinhos ou com a nossa rede internacional Edelman – pode trabalhar, a médio e longo prazo.
Porque é de médio e, sobretudo, longo prazo que estamos a falar. E que ninguém se convença do contrário.
Hoje apresentamos o site da Uanda (lançar a rede, em kimbundo). A rede, essa já foi lançada no início do ano, agora reforçada com a respectiva plataforma online.
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