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José Manuel Costa

José Manuel Costa

Um ano de Obama e a desilusão de Copenhaga

20.01.10, José Manuel Costa

Há um ano escrevi aqui que estávamos na antecâmara de um novo tempo. Muito por causa da eleição de Barack Obama com presidente dos Estados Unidos, 2009 prometia ser um ano de oportunidades, ainda que encoberto sempre pelas dificuldades próprias de dois anos e meio de recessão económica.

 

E foi mesmo um ano difícil para Obama. A verdade é que o presidente dos Estados Unidos tinha muito contra ele: já não era outsider, todo o mundo tinha os olhos postos nele – e com expectativas altíssimas –, e sabia que a primeira e inevitável vez que vacilasse seria criticado de uma forma como até agora nunca tinha sido.

 

A “culpa”, a meu ver, é da comunicação. A memorável campanha de Barack Obama criou expectativas tão altas que, obviamente, se revelariam sempre nas avaliações à sua liderança. Esta é a primeira, a temporal – um ano de presidência – mas outras virão.

 

Mas a verdade é que em algumas questões, sobretudo de ordem internacional, Obama vacilou. Como na Conferência do Clima, em Copenhaga, onde não soube motivar o mundo para a imprescindível mudança de mentalidades e a necessidade de conseguir um acordo climático vinculativo.

 

O discurso do presidente norte-americano na Cimeira do Clima – e logo o discurso, onde Barack é tão forte – desiludiu quem (como eu) colocava em Obama a esperança de um acordo vinculativo em Copenhaga.

 

“Os Estados Unidos não podem resolver todos os problemas do mundo”, disse Obama na capital dinamarquesa.

 

O presidente norte-americano começou por dizer que estava convencido de que o mundo poderia agir de forma “ousada e decisiva” na questão das alterações climáticas, mas ele próprio não deu nenhuma indicação que os Estados Unidos estivessem dispostos a tomar medidas ousadas ou decisivas.

 

Ainda assim, acredito que Obama fez um bom trabalho. O presidente dos Estados Unidos herdou de George W. Bush uma das mais graves conjunturas politico-económicas da história do país. Estava encurralado nas guerras do Iraque e Afeganistão, tinha uma situação económica difícil e era obrigado a dar mais atenção ao que se passava no plano internacional.

 

Aqui, conseguiu uma pequena vitória: acabar com a maioria do anti-americanismo existente em todo o mundo, sobretudo na Velho Continente.

 

Hoje começa – com diz o jornal Público – o ano mais perigoso de Obama. Já não é um novato na Casa Branca e os americanos não lhe pedem para ser um bom presidente. Eles querem um presidente excepcional.

 

Em Novembro há eleições intercalares para os 435 lugares da Câmara dos Representantes e um terço do Senado. Até lá, espero que Obama não se esqueça (de pressionar para a aprovação) de uma das suas prioridades legislativas, a Lei do Clima.

 

Ainda que os desafios não sejam por aí além: a redução das emissões em 17%, até ao ano 2020, em relação aos níveis de 2005 é um pobre objectivo climático para um país com tantas responsabilidades. Passadas, presentes e futuras.
 

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