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José Manuel Costa

José Manuel Costa

Portugal e Espanha

29.06.10, José Manuel Costa

Hoje, Portugal e Espanha medem forças para saber quem irá passar aos quartos de final do Mundial 2010. É um jogo muito importante para ambos – como foi o do Euro 2004, um marco no legado scolariano – e está a ser antevisto internacionalmente como o grande jogo do Mundial até agora.

A partir das 19h30, e mais que não seja durante hora e meia (isto se não houver prolongamento), Portugal e Espanha irão estar unidos pelo mesmo desejo de ganhar ao seu vizinho.

Porém, este jogo é mais do que futebol. É mais um capítulo numa história ibérica que já teve altos e baixos, tensões e alegrias comuns (por exemplo em 1985/86, com a entrada conjunta na CEE) e que actualmente se mantém… morna.

Em diversos ciclos económicos das duas últimas décadas, o mercado espanhol foi visto como estratégico para as empresas portuguesas. Era lógico – está mesmo aqui ao lado.

Nos últimos tempos, porém, a situação económica espanhola – e portuguesa – esfriou esta relação e fez-nos procurar outros mercados e realidades. Tanto as empresas portuguesas como as espanholas.

Acredito, porém, que continua a fazer sentido – e a haver uma grande necessidade por esta união ibérica. E não falo apenas de relações empresariais, estou a falar de políticas e estratégias comuns em vários outros assuntos relevantes.

E aqui voltamos ao futebol. Numa altura em que os dois países têm uma proposta comum para a organização do Mundial 2018 ou 2022, porque não estabelecer outras pontes que nos interessem?

A situação espanhola não é fácil (19% de taxa de desemprego em Dezembro de 2009), mas se durante anos dissemos que Espanha era o nosso mercado natural, porque não reforçamos, hoje, esta ligação e colocamos a expressão “Península Ibérica” novamente em cima das nossas agendas económicas ou culturais?

É que, apesar de tudo, estamos a falar da 12ª economia global. Será a última grande economia global a recuperar… mas recuperará. E todos (re)conhecemos que os ventos espanhóis, quando começam a soprar de feição, conseguem ser arrebatadores. E, quando esse momento chegar, será bom estarmos preparados para aproveitar este ressurgimento económico.

 

PS: O Jornal de Negócios e o Diário Económico dedicam as suas capas ao confronto ibérico. Enquanto o DE destaca as "parcerias ibéricas", o Negócios prefere partir da candidatura conjunta para a organização do Mundial de Futebol, em 2018 ou 2022, como ponte para contrariar o registo, maioritariamente desconfiado, das relações entre os dois países.

 

PS2: O Record fala em "Grande Faena", mas o desportivo espanhol Marca já reagiu com o texto "Em Portugal querem tourear-nos". O melhor mesmo é esperar pelo fim do jogo.

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