Os perigos do triângulo Portugal/Angola/Brasil
Há duas semanas, Marcelo Rebelo de Sousa (falando da luta PT/Telefónica pela Vivo) alertava para um perigo muito válido para o triângulo económico, cultural e político Portugal/Angola/Brasil: que Portugal seja substituído, nesta equação, por Espanha.
Aliás, o tema das relações entre Portugal, Brasil e Angola - com ou sem Espanha - está na ordem do dia. Esta semana, vários jornais pegaram nele. Destaco, porém, o artigo de Maria João Gago e Alexandra Machado no Jornal de Negócios (que coloca o destaque, apropriadamente, no triângulo Europa/Brasil/África).
E cito o Negócios. “O que a diplomacia económica se esforça tanto por unir, nenhuma empresa pode garantir quando estão em causa negócios transatlânticos. As rivalidades culturais e as heranças históricas vêm sempre à tona sempre que os interesses são antagónicos”.
É verdade.
No entanto, é nesta fase que teremos que trabalhar, a médio e longo prazo, para sermos bem sucedidos. Ninguém disse que seria fácil. Eu já disse aqui, por exemplo, que Angola não é o El Dorado que alguns apregoam. Não há lá nem lucro fácil nem projectos de curto prazo.
Este tema ganha, por isso, uma especial atenção a partir de domingo, quando o presidente da República Aníbal Cavaco Silva for recebido em Luanda.
No domingo, chegará à capital angolana a maior comitiva empresarial portuguesa de sempre. Segundo a Lusa, a vertente económica será apenas mais uma entre as várias que Cavaco Silva procurará promover na primeira visita de Estado, como Presidente da República, a Angola. Política e cultura também fazem parte da equação.
Destaco, porém, o reforço na aposta da formação de quadros, tema que também estará em cima da mesa.
Voltando ao triângulo de Marcelo, creio – como já aqui disse – que Portugal não pode ver Espanha como uma inimiga, mas sim parceira. Continua a fazer sentido esta união ibérica.
E, recordando as recentes palavras de Basílio Horta, não podemos esquecer a China. Portugal tem que assumir o papel de plataforma entre a China, o Brasil e Angola.
“Cada vez mais Portugal tem que assumir este papel em relação aos países de língua portuguesa e em relação ao diálogo entre esses países e a China, especialmente entre a China, o Brasil e Angola”, explicou o presidente do AICEP.
(também por isso esta viagem é tão importante)