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José Manuel Costa

José Manuel Costa

Luanda e Lisboa unidas numa verdadeira parceria estratégica

20.07.10, José Manuel Costa

O mundo mudou muito nos últimos dois anos, por isso a visita de Estado de Aníbal Cavaco Silva a Luanda é mais do que uma mera viagem de cortesia. É uma oportunidade estratégica fundamental para o futuro dos dois países.

Ontem, numa sessão extraordinária do Parlamento angolano, Aníbal Cavaco Silva pediu a Luanda para “consagrar institucionalmente” aquilo que já é uma “verdadeira parceria estratégica” entre os dois países.

Segundo o presidente português, esta parceria permitirá “mais facilmente resolver questões pendentes”. Na minha opinião, esta “consagração” será muito importante para projectar um futuro comum. Económico e político.

Antes desta viagem de Estado, Portugal e Angola já estavam juntos. Pela cultura, história e pela língua comum. A partir desta semana estaremos mais perto. É isso que todos queremos. Mas perto uns dos outros mas também mais perto de outros países europeus e sul-americanos. Trabalhando juntos e com objectivos estratégicos idênticos.

A imprensa portuguesa chamou para manchete – e na minha opinião muito bem – os avanços económicos decorrentes desta visita de Estado. Eu, por outro lado, gostaria de realçar os (avanços) políticos. Até porque uns desbloqueiam outros.

Disse Cavaco Silva que a parceria estratégia luso-angolana deverá, através dos seus “mecanismos de diálogo técnico e políticos, permitir mais facilmente resolver as questões pendentes e traçar rumos para o futuro”.

Continuou Cavaco Silva que a educação e a formação são áreas essenciais da cooperação entre os dois países. “[Hoje] vivemos num mundo em que o conhecimento desempenha um papel decisivo na promoção da competitividade. [A cooperação entre Portugal e Angola] deve prosseguir e reforçar a sua aposta [no conhecimento]”, disse.

Concordo. Mas acrescentaria mais: devem ser criados, em Angola, vasos comunicantes – porque é de conhecimento que estamos a falar – entre stakeholders e shareholders. Em qualquer lugar, qualquer hora e qualquer que seja o meio. O nosso grande desafio é, também, liderarmos este processo.

Ainda ontem, Cavaco Silva voltou a insistir no tema da língua portuguesa, como tinha, aliás, feito há semanas em Cabo Verde. Sim, é verdade, temos uma língua em comum que nos abre mais portas do que fecha. Mas hoje em dia isso não é suficiente. É preciso dizer: temos o know how, as soluções para as nossas e vossas empresas. O caminho é comum.

Sobre esta visita, recomendo o texto escrito pelo jornalista Luís Faria, editor de economia do semanário angolano O País, para o Jornal de Negócios. (o texto foi escrito antes sequer de Cavaco Silva deixar Lisboa e refere também a reunião da CPLP, que será presidida por Angola nos próximos dois anos).

“O significado desta visita de Cavaco Silva a Luanda (…) inscreve-se [também] num horizonte de um mundo que mudou radicalmente nos dois últimos anos, e continuará a mudar, do ponto de vista da distribuição dos poderes. Para lá das inserções regionais de cada um dos países que integram a CPLP, e também em função delas, os diferentes protagonistas da comunidade, e Angola e Brasil são dois protagonistas de vulto, têm que torná-la um trunfo competitivo efectivo no novo quadro global. Lisboa não se pode dar ao luxo de desaproveitar a oportunidade e Luanda sabe-o bem”, explica o jornalista.

PS: A consolidação de grandes grupos de comunicação social em Angola – alguns dos quais, como o Sol, com raízes portuguesas – é outra boa notícia para o desenvolvimento daquele País. E, também aqui, as empresas portuguesas poderão ter uma importante palavra para, juntamente com as angolanas, implementarem estratégias coerentes e que cheguem a objectivos comuns.

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