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José Manuel Costa

José Manuel Costa

A fome no mundo e os escândalos aberrantes

14.09.10, José Manuel Costa

Pela primeira vez em 15 anos, a fome do mundo diminuiu. E até foi uma diminuição relevante – 92 milhões de pessoas – mas a verdade é que os números continuam longe de alançar o primeiro Objectivo de Desenvolvimento do Milénio.

 

Hoje, 16% da população mundial passa fome – contra 18% em 2009 – mas segundo a FAO e o WFP o futuro não trará boas notícias. O aumento do preço dos alimentos poderá levar o número de pessoas com malnutrição novamente para os mil milhões.

 

Apesar dos (aparentes) bons resultados recentes, há números que continuam aberrantes. 925 milhões de pessoas a passar fome em todo o mundo é um número aberrante. Morre uma criança a cada seis segundos de malnutrição – mais um número aberrante.

 

Uma em cada três pessoas da África subsariana passa fome – é aberrante. Dois terços da população malnutrida vive em sete países – Bangladesh, China, República Democrática do Congo, Etiópia, Índia, Indonésia e Paquistão…

 

E finalmente: das 925 milhões de pessoas que passam fome no mundo, 578 milhões vive no continente asiático. Esse mesmo, que é a nova locomotiva da economia global.

 

"A fome continua a ser a maior tragédia e escândalo mundial. Isto é altamente inaceitável”, disse o director-geral da FAO, Jacques Diouf. A palavra é mesmo essa, escândalo.

 

Por este andar, disse ainda Diouf, será altamente improvável que o primeiro Objectivo de Desenvolvimento do Milénio, reduzir a fome a 10% da população globa, seja alcançado.

 

E, já agora, também os restantes sete. Para que tal aconteça – e se fizermos as contas com a actual população mundial – seria preciso tirarmos a fome a mais 347 milhões de pessoas nos próximos quatro a cinco anos.

 

"O objectivo de redução da fome mundial corre um sério risco", concluiu ainda Diouf. E se os especialistas não acreditam que tal aconteça, quem sou eu para prever uma situação diferente? Também por aqui passa o futuro da mudança de mentalidades, mas em relação a essa estou já mais optimista.