Consumismo
24.09.08, José Manuel Costa
O novo paradigma!
Falo do novo paradigma da relação do homem com o consumismo.
É tempo de assumir uma transformação de base na relação entre as marcas e os consumidores.
O consumidor criou defesas e está cada vez mais imune ao bombardeamento publicitário. Face a esta nova realidade, o desafio passa pela incorporação de políticas de responsabilidade social e de sustentabilidade ambiental.
A aposta das empresas e das marcas deverá passar por incorporar o Relationship Marketing, o Experimental Marketing ou o Engagement Marketing (tema em debate no 1ª Congresso da APAN, dia 8 de Outubro), e o estabelecimento / fortalecimento de laços de proximidade com o cliente. Intensificar e amplificar a relação afectiva como pedra basilar na relação entre a marca e o consumidor.
Três excelentes livros para base de discussão sobre o tema:
“Buying In: The Secret Dialogue Between What We Buy and Who We Are”, Rob Walker
Se hoje os consumidores são mais cuidadosos nas escolhas que fazem, isso não se deve apenas ao facto de se terem tornado imunes à constante interpelação das marcas. O consumidor moderno expressa a sua individualidade nas marcas que consome.
Deixou de comprar de forma aleatória, seguindo os poderosos inputs do Marketing, para passar a projectar a sua própria identidade no que consome. A expressão que Walker inventa para definir o fenómeno é: Murketing (murky = obscuro).
“Does Ethics Have a Chance in a World of Consumers?”, Zygmunt Bauman
O Sociólogo Polaco repudia o mundo moderno do consumismo capitalista, dando uma visão quase apocalíptica das consequências futuras da actual conjuntura das sociedades. Segundo Bauman: “consumer is the enemy of the citizen”.
Na sociedade moderna promove-se o acto da compra como se dele decorresse a felicidade. Felicidade efémera, facilmente descartável na busca do seguinte objecto portador de felicidade. Tudo hoje é dispensável. A facilidade com que nos livramos de objectos gastos é paralela à facilidade em protegermo-nos dos outros, dos estrangeiros, dos imigrantes, cuja humanidade não reconhecemos.
“The Comfort of Things”, Daniel Miller
Para o Antropólogo Britânico a posse de objectos não é necessariamente má, é através destes objectos que nos sentimos próximos das pessoas de quem gostamos.
As relações sociais são criadas através dos objectos, mostramos afecto por outros e desligamo-nos deles através das relações que temos com objectos que nos lembram e que nos ligam a essas pessoas.